domingo, 28 de agosto de 2011

TANTA LUZ


                                                                          Gaudiol

 

Junto ao portão
os cães ladravam
aos outros cães

porque havia um portão
de faúlhas
e a noite acordava
com pássaros claros

E agora?

neste restolho de latidos
e gestos inacabados
que hei-de fazer
a tanta luz?

que hei-de fazer
quando te deitas
nas escadas do templo
a tecer fios de música

e os cães não se calam?



42 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Tenho dito (por aí) que a arte é a coisa mais necessária, logo a seguir ao pão.
Depois de te ler, não sei não... (talvez o comentário seja excessivo... Se for, é da comoção)

anamar disse...

Depois de uma ausencia de leituras "amigas"...vou-me chegando pouco a pouco e voltar a ler-te de novo em alta voz.
Beijo, pois.

SAM disse...

Mar,

A ilustração é fantástica e o poema, enquanto leio no exercício da sensibilidade, os meus sentidos vão descodificando toda a beleza dos versos. Obrigada


Beijos com carinho, um ótimo domingo e excelente semana.

www.amsk.org.br disse...

Quem tece fios de luz,
se banha de luar,
se veste de aurora e se alimenta de amor.

Bom vir aqui, me fez bem.

bj - cozinha dos vurdóns

trepadeira disse...

Quando a noite acordar com pássaros claros,calar-se-ão os cães.

Um abraço,
mário

folha seca disse...

"e os cães não se calam" mas a caravana está demasiado lenta, será que (desta vez) passa?
abraço

jrd disse...

Faz como José Gomes Ferreira e manda apagar a Lua.
"Lâmpada dos cães e dos poetas magros".

Abraço

Chinezzinha disse...

que beleza de poema.
adorei lê-lo.
mar, agora vou estar mais no Letras & Sensações http://letraseletrass.blogspot.com/
um beijinho
Ana

Justine disse...

Há que mergulhar a fundo na luz, não é? E deixar de ouvir os cães...

lino disse...

Deitar-te ao lado dela e cantar!
Abraço

mfc disse...

Os cães relembram-nos que devemos estar atentos aos sinais...
Um poema de um alerta angustiado!
Verdadeiro...

Flor de Jasmim disse...

Ficarmos presos ao passado é criar uma amarra, que não nos liberta para seguirmos em frente.
Beijo

partilha de silêncios disse...

Neste restolho de latidos, onde nos encontramos, há que seguir a luz e estar atentos ao ladrar dos cães.

bjs

marlene edir severino disse...

Quantos códigos, sinais,
nesta precisão de luz...

Lindo!

Abraço

Karl disse...

"e a noite acordava
com pássaros claros"

os anjos da noite...

Canto da Boca disse...

Transformar-se num elemental e balançar os fios de música com a paixão contida quando a vida se faz nessa luz que te tonteia e envolve. Quero ver cão não se calar...

Branca disse...

Concordo com o Rogério. A arte é o pão do espírito e este também pode morrer de fome.

Aqui nunca se morre.

Beijos

ana disse...

Mar Arável,
Regressei do mar e agradeço o perfume que dele emana aqui.

Abraço!:)

Virgínia do Carmo disse...

Luminoso.

Um abraço

Anónimo disse...

"Faúlhas"... sinais que nos acordam! Ou não!
Abraço
Quicas

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

talvez os cães se calem...

e os fios de música serão quiçá também de luz..

um beij

OUTONO disse...

...é sempre um gosto mergulhar ...por aqui...e banhar-me na tua criatividade...

Sofá Amarelo disse...

Há sempre luz nos fios de música que teimam em desfiar os gestos inacabados....

Maria Marluce disse...

...E cada latido outro cão vai tecendo, como os galos, a madrugada.

Mel de Carvalho disse...

nunca a luz é em demasia, meu amigo.
e os cães são sempre premonitórios do devir, lugar onde as coisas se transformam.

um abraço daqui, a minha gratidão pela luz dos seus textos, belíssimos.

Mel

PS: abraço também aos companheiros de quatro patas.

Licínia Quitério disse...

Que fazer, Poeta?

A luz está lá, os cães não se calam. E nós?

Abraço, Eufrázio.

antonio ganhão disse...

O restolho dos nossos sentimentos esbarram em cães de guarda... Um belíssimo poema.

blueangel disse...

fechar os olhos e sentir o que todos os sentidos nos fazem sentir...dar-lhe a mão e voar...como os pássaros fazem. Sentir o seu cheiro e fechar os olhos...tocar e morrer...e a alma tornou-se azul....

Um abraço

Blue

Manuel Veiga disse...

que os fios de música inundem o templo. e a luz perdure...

sublime.

abraço, meu caro Poeta

Mª João C.Martins disse...

Nem todas as noites acordam com pássaros claros.... que pena!

Um abraço, Eufrázio

Graça Pires disse...

Tanta luz só pode ser a cor dos pássaros nocturnos...
Um beijo

Isa GT disse...

... e os cães não se calam?
Pior ainda... há muitos, por aí, prontinhos a ferrar o dente... isto vai ser a Feira dos latidos e do permanente abocanhar ;)

Bjos

MJ FALCÃO disse...

Queria só dizer-lhe: é tão bonito o poema!
Abraço
o falcão

Fá menor disse...

Aqui mesmo ao lado há um cão que aprendeu a uivar como se fosse a cantoria de um galo.
Quem sabe a solução para tanta dor passa por aí... por reaprender a cantar.

Anónimo disse...

É sempre um prazer te ler.

Beijo

Sara disse...

Que hei-de fazer a tanta luz? Guardar como reserva, ao preço a que ela vai chegar :) Brinco. Ou nem tanto. Reservas de luz são sempre necessárias, porque há sempre "lugares" pouco luminosos.
Um abraço.

Menina no Sotão disse...

Naveguei aqui entre o sentir, o olhar e as ilusões. Palavras e imagens combinaram perfeitamente num sopro vago entre o ontem e o hoje.
E agora, o que faço?


bacio

Mateso disse...

Na luz os latidos ecoam em farrapos de som...amanhã o som virá.
Bj.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Poeta

Na noite se envolvem todos os segredos...todos os medos.

Um beijinho
Rosa

Menina Marota disse...

"...que hei-de fazer
quando te deitas
nas escadas do templo
a tecer fios de música

e os cães não se calam?"

Um abraço envolto em fios de música onde a luz da ternura possam calar os cães que vos olham embevecidos...

vi perdue disse...

Adorei este poema. Obrigada pela partilha da beleza.

Anónimo disse...

Ignora os cães
distribui a luz
e
nas escadas
aconchega-te
com o tecido de música

princesa