publicado no meu PARA LÁ DO AZUL
e eu não sabia porquê
Pensei no pobre limoeiro a afundar-se
lá onde nidificam toupeiras
ao entardecerna estrêla persistente
que viceja à noite no portão
nos olhos claros de um certo azul
que ilumina a casa
no desfolhar emsombrecido
das roseiras
Vasculhei tudo
invadi searas proíbidas
até ao mais íntimo da pele
pó sombras sonhos
Perguntei-te - quando desaguas?
e tu desaguaste à janela
a marejar entristecida
e eu não sabia porquê
Foi quando os cães se levantaram
para soltar os pássaros
23 comentários:
Certas janelas nos convidam a isso - como um chamado do por do sol.
beijinhos
Sempre assombroso ler ou reler os teus versos Eufrázio.
Pareceu-me um novo poema este "Soltar os Pássaros", porque o espírito com que se relê e a beleza das metáforas fazem descobrir nele sempre novos contornos.
Sou uma eterna admiradora da tua poesia.
Beijos
Branca
A poesia sempre exerceu sobre mim um fascínio irresistível. Li o poema, degustando verso a verso e sonhando. É assim a magia da poesia e dos poetas.
Beijinho
Bem-hajas!
Atenta à série!
...depois da leitura...apetece um um voltar a ler...
Há encontros que encontramos de novo...há realismos onde nos demoramos...
É bom...!
..e nesse momento, no voo dos pássaros, entendeste tudo!
Há sempre que aprender no universo dos bichos e das plantas.
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Como comentaram os amigos acima... Cada leitura de um texto, traz-nos uma nova interpretação... Por isso, alguns textos, nos parecem sempre novos, a cada leitura!
Gostei!
Beijos de luz e o meu carinho...
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É noite. Felizmente há luar...
JUSTINE
Estimada amiga
na verdade
"no todo se realiza o individuo"
Bjs
Belíssimo momento, este, de reler "Soltar os pássaros" em tempo de verão.
A minha admiração e estima, Eufrázio, num abraço amigo, daqui, rente à falésia.
Mel
A janela...
Lugar de entrada e saída... Lugar de onde se vê...
A busca pelo saber daquilo que nos é preciso, é o que nos joga para a vida... seu poema é lindo.
Beijo
E como voam, tão belos.
Um abraço
como comentar?!
porque choram os cães, e porque soltam os pássaros que se querem livres!
belissimo poema (como sempre)
um beij
Belíssimo, amigo!
Um beijo.
"A poesia é a criação rítmica da beleza em palavras." (Edgar A. Poe)
Belíssimo.
Belíssimo texto.
Felicito pelo teu dom para a poesia e a regularidade e qualidade da sua prática.
Bom. Muito bom.
Um abraço
E desaguamos à janela,
também por aqui:
olhos d'água,
rosto inundadado de mar...
Abraço!
Marlene
É sempre bom vir aqui e viajar pela beleza das suas imagens.
Abraços.
Perco a respiração...
yara
É assim com os pássaros soltos que a alma se liberta...
Abraço,
António
Li o seu comentário no blogue do amigo Rogério Pereira.
nas lágrimas e nas ações têm mais mistérios e significados que jamais descobriremos... assim é/está essa bela sequência de textos.
;)
arquiteto
(ag)ora
o cenário do céu
sem céu e que – as estrelas sabem –
o crepúsculo urra no tédio
eu – arquiteto de cárceres
da memória do cinzazul
desnudo
do que fui além distante
uma e outra
palavra se es-
vazia
no grito dos olhos
já fúnebres
a urdir a poesia
minha voz
já
amarga (n)os tentáculos
do tempo e as pedras
que me consomem
este poeta
de ecos desva
irados
(ex)pira e (ex)trai
(d)as rochas duras
(d)o seu caminho
a polir as unhas
ah ! há rugas no papel
entretecido
onde a poesia
a sorver labirintos de granito
explora todo sibilar
do seu enigma
a pedra se faz poema
e verte poesia
do próprio ventre
bruta não
- quase-paraíso -
mas fragmentos
sobre a língua
vestida de fantasmas
e viagens
como um gueto âmbar
sem saída
eu – arquiteto de cárceres
da memória do cinzazul
desnudo
do que fui além distante
www.escarceunario.blogspot.com
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