domingo, 18 de maio de 2008

LÁBIOS

Pitura ROYO




Demoras-te senhora nestas águas

porque é sempre breve

o instante

das pequenas vertigens



Vieste colher os meus lábios

para incendiar uma pedra



Na verdade o teu corpo

tão líquido e incerto

na voragem dos destinos inventados

vibra no ritmo das marés

ilumina-se por dentro

num feixe de faúlhas



habita as fendas rema

por onde espumam as salivas



Demoras-te senhora nestas águas

sentada no meu barco



mas nunca saberás

dos meus lábios uma palavra

sempre que tocar os teus



nem das línguas

o fogo regurgitado

que nos liberta




21 comentários:

Donagata disse...

Também eu me detive nestas águas, vogando num qualquer barco, soprando alto estas palavras...

isabel mendes ferreira disse...

vim. demorar.me. sabendo que o tempo é apenas uma curva.


(gostei. e muito).



obrigada.



abraço.

LeniB disse...

Detive-me demasiado tempo nas mesmas águas, até que a água, de cristalina que era, ficou lodo.
Agora também me confesso só ao mar!
bj

Justine disse...

o ritmo das palavras acompanha, síncrono, o balanço suave das águas, onde o desejo (se) demora.
Embalando.

jrd disse...

Quando a poesia é um sussurro de palavras liquidas.

São disse...

Mais um belo poema.

Quando é que nos ofereces um daqueles teus estupendos textos em prosa?

Abraços.

Anónimo disse...

O Amor
O desejo
A saudade
A sensibilidade...
De um poeta
capaz de incendiar
uma pedra
que
perdida
flutua
ao ritmo das marés

princesa

Anónimo disse...

um poema de fogo e água. como deve ser toda a poesia :) um beijinho*

Manuel Veiga disse...

palavras (in)dizíveis. que o instante é breve.

soltar faúlhas de fogo. de pedra. dos lábios.

excelente, POeta!

Mateso disse...

No líquido do sentir recruscede a espuma da palavra encantada.
Belo!
Bj

tulipa disse...

OLÁ

Passo de mansinho, para lhe desejar, uma noite tranquila, belos sonhos.

BEIJITOS.

Licínia Quitério disse...

Aproveitar a magia do instante. Quando a palavra não tem lugar.

Abraço.

un dress disse...

corpo líquido que corro

per

corro

traço a

traço





beijO

Anónimo disse...

Línguas tb trazem prisões.
Lindo.

São disse...

Se aceitares, tens um mimo à espera de o ires buscar.
Sê feliz.

Anónimo disse...

Eu passo bebo e pergunto-me, o que é que eu vou dizer?
Como fui bem domesticado direi...Obrigado!

mariam [Maria Martins] disse...

fantástico
o ritmo
e a cadência!
"porque é sempre breve

o instante

das pequenas vertigens"

belo!

um sorriso :)

vermella disse...

Ben bonito,auga para deterse, auga para fluís sen necesidade de palabras pronunciadas.
beijo e bom fim de semana.

Graça Pires disse...

é sempre breve
o instante
das pequenas vertigens
Excelente o poema. Um abraço.

Ana Paula Sena disse...

Parabéns a esta alma poeta! :)

BIA disse...

Não senhor, por muito que naufrague, não esqueço o mar profundo...

Tantos sentidos, tem este mar...

Abracinho de terna onda e sereno marulhar?

Na babuja da maré, contemplo!

BIA