Contra o sabor do vento que faz
metemo-nos mar adentro por sobre as águas
no caminhar dos barcos
olhos postos
no incógnito porto de outros destinos
Inseguros neste chão de azuis
céus tresmalhados
nesta pátria de naufragos e outros amores silvestres
partimos
a rasgar vagas neblinas afetos
sem pausas
a namorar outros infinitos
no desejo de um barco
onde se possa subir os mastros
só para ver
onde nos consentimos
mar de mim
(Óleo de Théodore Géricault - A balsa de Medusa)
11 comentários:
Mar de nós...
nesta pátria de naufragos e outros amores silvestres
partimos
este poema pode ter várias leituras, não sendo dispicienda a que pode resultar do estado de alma de grande parte dos portugueses.
Hoje dia internacional dos museus fou bom encontrar aqui esta obra prima o Géricault.
Também eu me sinto sempre a namorar os infinitos. Sempre novos infinitos.
Quando de novo se começa a dizer.
"Há só mar no meu País...",
de novo sentimos que esse mar não é o mar que queríamos, o nosso mar.
a favor do vento
.
mar adentrO
.
estrelas nos pés
.
ca-mi-nha-mos
...
«Inseguros neste chão de azuis
céus tresmalhados
nesta pátria de naufragos e outros amores silvestres»
Em poucas palavras uma imagem fortíssima de naúfragos que se calhar somos todos um pouco... andamos namorando infinitos e raramente encontramos o «mar de mim»...
Um poema que reflecte o nosso presente, passado e futuro.
Sempre na incansável procura de riquezas inventadas...
Poema riquissimo em palavras...onde cada uma pode ter a sua tradução!
Não menos belo o quadro de Géricault...onde se pode contemplar um naufrágio...muito semelhante á vivência do ser humano:
Mar calmo... mar revoltoso...mar adentro!
Abraço amigo da
Maria
"Romeiro" de mares e desertos por conquistar
Do imenso e do ínfimo!
"Romeiro em águas serenas ou revoltas
Em areias finas e brancas
Tu que vês para além do azul
Tu que acolhes o infinito e projectas o indizível...
Continua a "rasgar vagas neblinas afectos", pois as tuas princesas vão contigo!
Parabéns por mais esta obra de arte!
Princesa
Mais um lindíssimo poema com o mar como pano de fundo, esse mar que está na alma portuguesa.
Lembrei-me dos Lusíadas e de Pedro e Inês...
Tens um desafio no meu cantinho. Quando puderes, passa por lá!
Um grande beijinho.
O poema está tão bem conseguido que a partir dele, sem alterar a estrutura das frases, podemos (re)construir outros. É uma questão de sensibilidade de cada visitante. parabéns!
MARIA
Mar de nós - é verdade
Luis Galego
A poesia por vezes só mas nunca isolada
Inimaginável
É bom ver para lá do alcanse dos olhos
Jrd
Este mar tem costas largas e disponíveis
Un dress
A cada mar seu vento
Alexandre
O que é raro é precioso
Maria Valadas
Cada palavra um mar de espumas
Anónimo
Agradeço princesa -aqui no meu castelo raso
Angela
Bem vinda a este mar
Augusta
Quando o mar se torna poema tudo
é plasticidade na vida dos espelhos
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