Quando reivindico um sopro de música
para o teu andar de ancas vagaroso
sobre a nudez branca das dunas
é para despertar o sabor do vento
desfolhar os teus cabelos em partículas
Quando reivindico um futuro quase divino
para as aves marinhas que perfumam
as clareiras solares mais íntimas deste espaço
desejo apenas um porto seguro para o teu corpo
uma jangada efémera de cristal
Quando reivindico para ti um sonho verdadeiro
brotas do chão como um pomar de faúlhas
dás de beber a todos os pequenos rituais
como se fossemos uma lenda
em viagem sinuosa pelo tempo
És a pátria em alvorada que navego
e me desprende
o acesso intangível às brevíssimas papoilas
grão de areia esculpido com amor
na memória das palavras
pintura de Paloma González
7 comentários:
Quando reivindicas tudo isto...
é amor, puro amor...
Lindo, tão lindo...
Temas variados de estilo muito próprio, belos na escrita e na essência;singelos, mas profundos, os seus poemas e a sua prosa convidam-nos à reflexão e à contemplação do belo! Parabéns! Continue a esculpir cada grão de areia do seu deserto! Com amor!
desejo apenas um porto seguro para o teu corpo
uma jangada efémera de cristal
de facto, só os poetas conseguem escrever assim. Aqui neste blog as palavras não estão em saldos, são pérolas preciosas, que, como já disse algures, deviam ser mais conhecidas neste dito país de poetas....se poeta existe, ele chama-se Eufrázio Filipe!!!
Vim do campo para o teu Mar!
Saio maravilhada.
Beijo
...brotas do chão como um pomar de
faúlhas...?
tanta beleza
tanta delicadeza
tanto...!
abraçO-de-efémeras-partículas*
Belo poema (como outros que encontrei por aí abaixo) Excelentte alegoria, simbiose do corpo da Pátri com ao corpo da Mulher amada.
Acabo de descobrir este blogue e. gostei
Abril, mês da poesia, mês das flores, mês das palavras... antes de Maio... Abril!!! «Porque ninguém há-de fechar as portas que Abril abriu»... embora não falte quem o queira fazer!!!
Um abraço!!!
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