Ao fundo
neste Inverno dissonante
cães de lume incendeiam
sopros de vento
nos recortes da serra
rasgam-se em sombras
ladram silêncios
às flores silvestres
mas tu resistes
continuas a lavrar grãos de areia
e a chuva cai desgrenhada
nos teus cabelos
surpreende-me em pleno voo
a ouvir-te cantar
não digas nada que seja
apenas o que os olhos vêem
fala-me por gestos
Eufrázio Filipe
(Chão de claridades)
14 comentários:
Resistir ao inverno, apontar a primavera que há de vir.
Amei!!
Beijo e bom fim de semana
Mesmo no Inverno, algo floresce nos gestos, nos olhares...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
gosto.
Gostei de ler.
Abraço e bom fim-de-semana
Às vezes tenho aquelas saudades estranhas daquelas coisas que nunca tive.
Da serra... como se fosse "minha"
Um vai e vem que deixa na fímbria da areia o espaço e o sal das palavras.
Grande abraço Poeta amigo.
Muito, muito bom! Beijinhos
Muitas vezes as palavras corrompem a pureza do gesto. Talvez por não conseguir abarcar e traduzir o sentimento do olhar e do gesto. Abraços. Bom domingo.
Cantar enquanto resiste... Há-de falar-te por gestos com certeza...
Belíssimo!
Uma boa semana.
Um beijo.
Mar,já não vinha aqui há muito e vejo que perdi muito.
Os teus poemas são maravilhosos e este não foge à regra.
Enquanto escrevo aqui, ouço poemas teus. Não sei se é a tua voz mas estou a adorar.
Beijinhos,
Ana
O gesto é tudo. Os olhos vêem aquilo que merece ser visto. Lavrando areia, rochas que vêm do fundo dos tempos, a consistência do canto manifestar-se-á.
Abraço
Olinda
por vezes, as palavras são de mais.
(gestos nas labaredas em voos)
abraço, poeta.
"Cães de lume...
ladram silêncios"!!!
Para lá do que "os olhos vêem",
vale-nos saber enxergar.
Sempre o timbre das imagens, suportadas numa linguagem poética personalizada, que se exprime em sons plenos e distintos, numa harmonia de mestre.
Abraço.
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