quarta-feira, 19 de julho de 2017

À PERGUNTA DE OUTROS MARES






Quando foi urgente criar um deus
as uvas ainda não estavam maduras
no corpo das videiras

inocente subiste ao púlpito
das vinhas decepadas

improvisaste um sermão
ergueste o cálice
e a companha exausta aprendeu
que nada é perfeitamente inútil

após as vindimas
bebemos do mesmo vinho

foi quando enfunaste as velas
começaste a despontar relâmpagos
nos mastros  mais altos

quando afloraste o chão com um beijo
partiste sem destino
por sobre as águas revoltas

à pergunta de outros mares

(vou ali e já volto)

eufrázio filipe

21 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Muito bom! Adorei.

beijinhos

Sónia M. disse...

Boas férias!
Deixo um abraço.

Marta Vinhais disse...

E a vida recomeça....
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

By Me disse...

Belas metáforas!

Ana Tapadas disse...

Poema tão belo...liturgia magnífica!

Beijo

Agostinho disse...

Pergunto eu em que Mar estive que não vejo nem leme nem rastro?

Soube que o poeta partiu. A esta hora pescará as metáforas mais frescas e brilhantes. "Nada é perfeitamente inútil".
Abraço.

Mar Arável disse...

AGOSTINHO
Nada é perfeitamente inútil
nem o seu comentário
Aceite o meu punho erguido por causas de sempre

AC disse...

Um já volto com muitas voltas.

Abraço

Graça Alves disse...

Já tinha lido este, lindo, como os outros.
Interessante o arcaísmo "à pergunta" em vez de "à procura".
boas férias
bj

Graça Pires disse...

Vais à procura de outros mares depois de nos deixares mais um excelente poema. Que encontres tudo o que procuras e que descanses também.
Uma boa semana.
Um beijo, meu Amigo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...


e mesmo que não seja ainda setembro para a vindima
algum vinho estará nos copos para aforar os lábios e sentir o sabor das uvas
o Poeta é e será sempre um eterno pescador de metáforas

(vou ali, mas volto)

beijinhos

:)

Odete Ferreira disse...

Hum, eu já li este belíssimo poema...
Enquanto não chegas, que tudo se cumpra conforme a tua vontade.
Bjinho, Filipe

jrd disse...

Vira virou. Vai e volta mesmo que não estejam no cais os amigos esperam~te sempre.
Abraço fraterno.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Nada é perfeitamente inútil

manuela baptista disse...

quando foi urgente deus criar o homem

perguntou pelos poetas


um abraço

Elvira Carvalho disse...

Férias interrompidas por uns dias, eis-me de visita aos amigos.
Belíssimo poema.
Um abraço e boas férias

Maré Viva disse...

Como é hábito, um poema que nos obrigada pensar para decifrar as metáforas do poeta. As vindimas estão à porta, há que saborear as uvas enquanto é tempo, porque nada é perfeitamente inútil! Um abraço e que o mar esteja de feicao.

Agostinho disse...

Fechei a mão e achei mil
grãos de areia comigo
nos caminhos que sigo

Abraço.

teresa dias disse...

Vai e volta amigo. Eu fico à espera de mais belos poemas.
Lindo!

ana disse...

Boas férias!
Bjs.:))

Teresa Almeida disse...

Há poemas que vala a pena repetir como um cálice de bom vinho.
Boas férias!
Beijinho.