quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

NO CHÃO DOS BARCOS





Quando luziam
relâmpagos
no risco dos fósforos
ficavam mais sábios
os gestos lentos
demoradas as mãos
a desgrenhar os teus cabelos

deixávamos
um rasto fluorescente
para as aves
fazerem ninhos
na palha dos mastros
mais altos
e assim
ancorados
partíamos

estávamos sempre a partir
no chão dos barcos

Eufrázio Filipe

19 comentários:

Odete Ferreira disse...

Cada um de nós devia ter uma missão obrigatória: deixar um rasto de luz para iluminar (outros) caminhos.
Em ti, relampejam os versos...
Em mim, deixas o rasto de luz...
Bjo, Filipe :)

teresa dias disse...

Quando um poema ilumina a tristeza da vida, os caminhos parecem menos sombrios.
Abraço.


Maria Eu disse...

Essas viagens são as que mais nos levam...

Beijinhos, MA :)

Marta Vinhais disse...

Numa viagem à procura de esperança, de luz...
Lindo....
Beijos e abraços
Marta

manuela baptista disse...

e os riscos no chão dos barcos

muito bonito, partir ancorado


um abraço

Manuel Veiga disse...

Poeta "caçador de relâmpagos". e sábias ancoragem...

forte abraço, meu caro Eufrázio.

GarçaReal disse...

São belas as viagens....No chão dos barcos.

Lindo

Bjgrande do Lago

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

há partidas necessárias

para o regresso também ser

muito belo!

:)

Agulheta disse...

Olá amigo! Nada melhor que um poema de luz.
Abraço

Maré Viva disse...

Estamos sempre a partir e por vezes é difícil regressar, porque o chão nos agarra por demais.
Mas o mar está lá, e há um dia que uma onda nos traz...
Um abraço.

Ailime disse...

Muito belo este poema que me questionou muito.
Viagens e esperança e a incerteza de quem espera.
Bjs
Ailime

Emília Pinto disse...

No "chão do barco" partimos a cada dia um pouco, não sabendo para onde. Imaginamos nós saber e nessa nossa ilusão preparamos cada partida com tudo o que temos de melhor, nao esquecendo o nosso melhor fato, aquele vestido brilhante e até aquela jóia que muito nos custou a adquirir. Lá entramos nós para o barco que por nós espera logo ao amanhecer, mas..o mar hoje está raivoso e nos despe de tudo deixando-nos de rastos no chão do barco. Esperamos sempre que o mar esteja sereno e que a viagem seja deslumbrante. Não, não é assim e convem que nos lembremos que a cada partida levemos só o essencial, levemos um simples cesto de vime carregadinho de afectos. Estes não pesam e o barco deslizara suave no mar azul, mesmo que lá mais adiante apareça uma onda mais violenta tentando perturbar a nossa viagem .Amanhã uma nova partida teremos, ou quem sabe, antes? Parabens amigo. Gostei muito. Um beij7nho
Emilia

Suzete Brainer disse...

A partida nos reflexos dos gestos luminosos!...

(Nas flores e na ROSA, a sensibilidade mora...)

addiragram disse...

A poesia, a grande companheira...

Majo disse...

~~~
Barcos fortemente ancorados
por alguém que triste e saudoso espera...

Sempre original esta poética,
com sabor a sal e aromas de maresia, cenário
marinho em tons de azuis vibrantes e escarpas
onde volteam pássaros sapientes...

~~~ Mais um belo poema, EF. ~~~

Palavras soltas disse...

Tão lindo deixar um rasto de luz para quem fica...

Beijinho.

luis lourenço disse...

Toda a partida é um recomeço_ e o que mais conta é a viagem...um poema fulminante.Abraço, poeta.

Jaime Portela disse...

As melhores partidas acontecem quando estamos ancorados...
Excelente poema, caro Eufrázio.
Boa semana.
Abraço.

Agostinho disse...

Cuidei ter riscado um fósforo numa destas noites. Terá sido da chuva? Não incendiou.

No fundo dos barco os relâmpagos incendeiam noturnos suspiros.