sexta-feira, 12 de junho de 2015

ATEAR AS ÁGUAS






De tanto ver pátrias movediças
começo a ter saudade
das minhas verdades improváveis

pássaros pétalas e asas
a dardejar nos mastros
o tempo em arritmia
contado pelos dedos
em voz alta
esculpido nas pedras
povoado de sons
quase poema

Onde a luz se afoga
basta um sopro
na constelação dos azuis
para atear as águas


Eufrázio Filipe
 

20 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Poeta
Tu consegues pôr uma vaga em chamas

Teresa Durães disse...

As nossas verdades improváveis não serão mais certas que essas pátrias movediças?

Beijos

jrd disse...

Atear as águas, atiçar marés. A inundação que se anuncia.

Abraço meu irmão poeta.

CÉU disse...

O mar também, é revolucionário, revolto.

anamar disse...

UM fogo de cor e luz.

Abracinho

Ana

Just Things disse...

São os azuis que reconfortam :)

Licínia Quitério disse...

Basta um sopro. É isso...

GarçaReal disse...


Os azuis onde as almas navegam tanta vez....céu... mar.....

Belo e profundo

Bom domingo

Bjgrande do Lago

Majo disse...

~~~
~ «O tempo quase poema» - belo!

~~ Num tempo sem sol,
~~~~~~~ a luz não se afoga,
~~~~~~~~~ não incendeia azuis,
~~~~~~~~~~~~~~ nem ateia as águas.

~~~ Dias luminosos e agradáveis...

~~~~ Abraço. ~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~

Graça Sampaio disse...

«O tempo em arritmia» - é essa mesmo a realidade em que nos movemos...

(Mas a estrofe final é soberba!)

Beijos de água azul

Odete Ferreira disse...

A poesia é uma arma carregada de futuro de Gabriel Celaya é o que me ocorre de mais completo para este poema.
Que se ateiem as águas!
Bjo, Filipe :)

Graça Pires disse...

Para atear as águas basta o sopro de azul colhido nas tuas palavras...
Um beijo, meu amigo.

Armando Sena disse...

Fugimos de nós mas reencontra-mo-nos na saudade.
abraço

Manuel Veiga disse...

sabe-se lá, quando explode o azul
e as águas labaredas...

muito belo, Poeta.

abraço fraterno

Agostinho disse...

Em águas embriagadas de luz acredito.
Basta que a chispa sagrada se solte do céu. A manhã clara virá cheia de luz que cura.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Eu queria tanto que houvesse uma explosão.
pouco me comportando a cor.
<como sempre muito bom.
Bj.
Irene Alves

Suzete Brainer disse...

Olá Poeta das belas metáforas!


"Onde a luz se afoga
basta um sopro
na constelação dos azuis
para atear as águas"

Uma beleza grandiosa na constelação da poesia...

Anónimo disse...

VOZ
aos poetas, do mar e da terra. Que perdurem, constantes como as ondas.
Abç da bettips

Traçados sobre nós disse...

Gostei muito!
Obrigado.

Olinda Melo disse...


A luz se afoga num pôr-do-sol e é onde as águas se ateiam. Aí tudo pode acontecer,entre uma cor púrpura, um amarelo torrado, um tom laranja e o azul do mar.Toma-se o pulsar do tempo e nas nossas mãos a pátria se torna menina de verdes anos.

Um poema que incendeia as palavras, onde tudo é possível dizer.

Abraço

Olinda