quinta-feira, 20 de maio de 2010

COMO SE FOSSEM PEDRAS


Mal amados
com um nó na garganta
os barcos desaguam no cais
despidos de velas

adormecem
carregados de sonhos

Talvez à míngua dos seus olhos doces
um fio de água se ateie
e lhes devolva a voz
no intervalo das areias

ou na aprendizagem do voo
soltem aves
como se fossem pedras



33 comentários:

_Sentido!... disse...

..."adormecem carregados de sonhos..., despidos de velas..."

Estava com saudades da doçura da tua poesia, Mar!

Abraço e beijo, amigo.

Virgínia do Carmo disse...

Espero que se soltem, as aves...

Abraço

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Lindo poema...adorei.

Mal amados
com um nó na garganta
os barcos desaguam no cais
despidos de velas

Belo.

Mal amados
com um nó na garganta
os barcos desaguam no cais
despidos de velas

Graça Pires disse...

Com este poema, apetece perguntar-me: que brilho é este que me brinca nos olhos como se fossem lágrimas?
Beijos.

CCF disse...

Gostei muito, cântico de resistência emabalada na água.
~CC~

maoNAmao disse...

A imagem do fio de água que se ateia é sublime!
Incendiou-me os sentidos.
G...

lino disse...

Gostava de ser barco para poder adormecer carregado de sonhos.
Abraço

Manuel Veiga disse...

que as velas e os ventos se incendeiem. em novos rumos...

que os barcos se ergam. em novos Bojadores...

abraço.

mdsol disse...

Muito bonito.

:)))

jrd disse...

A poesia como pedrada certeira.
Abraço

antonio ganhão disse...

Desaguamos despidos no nosso descontentamento, ágeis como pedras atiradas.

Justine disse...

Belíssimo e fundo poema, na sua aparente simplicidade!

Anónimo disse...

que esta voz se perpetue no silêncio, com a qualidade da água que, de tão dura, fura as pedras. um beijinho, eufrázio.

Unknown disse...

Belíssimo poema.
Repouso de embarcações acostadas ao molhe até que o mestre e a sua tripulação decidam rasgar águas, rumando...
Sonhando

Um abraço

São disse...

Amigo e poeta, que mais posso fazer do que te repetir que aprecio a tua poesia?!

Bom fim de semaana.

Joaquim do Carmo disse...

Nestes tempos difíceis, é bom sentir que ainda há barcos que "adormecem carregados de sonhos"!
Oxalá, ao despertar, não os vivam como pesadelos!
Abraço

Ale_gria disse...

Que imagem e texto belissimos..

Parabéns pela inspiração!!

Barbara disse...

...nunca se sabe das essências das pedras, principalmente das que são de outras capacidades...
Muito linda, esta foi uma das que mais gostei.
Uma pedra que talvez voe - talvez eu seja ...

maré disse...

os barcos
ancoradouro
e miragem

talvez uma ave
no desassossego das marés
lhes oriente o caminho
e os salve do esquecimento

___

beijos Eufrázio

mariam [Maria Martins] disse...

Eufrázio

ah! como é bom ler o que escreve!obrigada por momentos assim...

um sorriso :)
mariam

anamar disse...

Barco eu sou
ou quero ser...

Beijos

Anónimo disse...

A tela é belíssima e está de acordo com teu poema.
Li e reli os últimos versos e minha mente obtusa insistia em ler: soltar pedras como se fossem aves.
Abraço e parabéns.

Alberto Oliveira disse...

... sem barcos, os rios e o oceano em que "navegamos" são o que se está mesmo a ver: águas paradas de desiquílibrios e injustiças.

Abraço.

Gisela Rosa disse...

..."no intervalo das areias" há sempre uma viagem em que as pedras se diluem...


Abraço

Mel de Carvalho disse...

No estropio de uma agonia, apenas o nó da garganta é garante de que, na alvorada das coisa que ainda não nasceram, no pré-cambrico das areias,
e ".. à míngua dos seus olhos doces
um fio de água se ateie
e lhes devolva a voz
no intervalo das areias"

de novo,

se faça, em cada um de nós, a (tão) necessária
[re] "aprendizagem do voo
soltem aves
como se fossem pedras"

pedras no charco das águas lodosas e inertes. E de novo voemos sem medo de voar. Em processo.
Libertatório.

Aprendamos, pois, a lição dos gansos... "Voar em V"...

Eufrázio, um imenso prazer ler cada pedra (pérola) que nos confia.

Um bem-haja, um abraço fraterno e amigo.

Unknown disse...

Pedras que solto
feitas sonhos
no balouçar terno
das palavras
que desenha...

Mª João C.Martins disse...

Acredito que um fio de água nos devolverá a voz, dissolvendo todos os nós que se acumulam na garganta.

Um abraço

L e n a disse...

Mais um lindo poema,
gostei de ver esses barcos adormecerem cheios de sonhos...

Um beijo

luis lourenço disse...

mueto suave...na proa dos sentidos.

véu de maya

José Carlos Brandão disse...

Gostei desses barcos tão humanos.

Licínia Quitério disse...

Andam tão cansados, os barcos. Tão saudosos de águas claras. Como a dos teus poemas. Beijo.

Gabriela Rocha Martins disse...

como o vinho do Porto.....o teu poetar está cada vez melhor com o passar do tempo.......do teu escrever

e

do meu LER


......"pelo cansaço dos barcos"!



. beijo
um

tb disse...

Barcos, como retratos de um País/mundo que desaba.
Emocionada, leio a arte de quem a sabe fazer.
beijo