sábado, 29 de agosto de 2009

ONDE NIDIFICAM AS MARÉS


A praia estava tão só
de tudo
que mais parecia uma casa vazia

até os azuis desmaiavam
num tresmalho de céus

Nem um barco, uma asa,
uma brisa, um pó

Só uma breve espuma
adocicava as areias tatuadas

Nesta elegia de silêncios
em repouso
as águas lamberam
os teus últimos sinais
mas não o mirífico lugar
onde se despem e nidificam
as marés

26 comentários:

Paula Raposo disse...

Tão bonitos poema e foto. A sensibilidade e a vida...muitos beijos. Adorei.

MS disse...

... e por vezes, a praia apresenta-se assim! Vazia, como 'uma casa vazia'!
Mas uma casa encerra paredes, e a praia o horizonte sem fim!

Uma elegia em 'tempo de metáfora'?!
Muito belo este teu poema! E a foto! Como o mar é vastidão perante a pequenez do Homem!

Pelo olhar atento a 'fragmentos', sensibilizada!

Anónimo disse...

Um "nunca mais" levado pelas marés e a lembrança que sempre será trazida por elas.

bjs

Justine disse...

Murmúrio poético empolgante. Vou sair, pé ante pé...

Graça disse...

Ler-te é ficar sem palavras, e apreciar a beleza do que escreves no mais puro silêncio da admiração. Adorei o poema.

Um beijo

maré disse...

o sitio de todas as origens.

...até o silêncio é cúmplice.

___

beijo, marítimo.

Manuel Veiga disse...

receio que os sinais prevaleçam. transmigrados para outros intimos locais...

belíssimo, Poeta.

abraços

Virgínia do Carmo disse...

Não tenho muitas palavras perante as palavras dos outros... é uma limitação que me persegue... mas nãp posso deixar de me sentir comovida - isso mesmo! - e logo pela pena de quem se diz pouco dado a comoções!!(Peço desculpa por voltar a este momento!)
Enfim... só para reiterar a minha admiração pela escrita do Eufrázio...
Saudações poéticas

anamar disse...

Lindissimo!
Entretanto veio-me o cheiro do Outono.
:)

Teresa Durães disse...

mesmo nos passos apagados, permanece a memória na areia.

© Maria Manuel disse...

transparece do poema essa beleza única da espuma silenciosa sobre o areal onde repousam as memórias.

bjo.

jrd disse...

Belissímo!
"Intocável" o espaço das marés.

Maria P. disse...

Sublime...assim.

Beijinhos*

CNS disse...

De novo repouso os olhos nas marés dos teus versos

Arábica disse...

Muito belo, Eufrázio.

Mas, quando não é? :)

Beijos, boa semana.

VFS disse...

"(...) até os azuis desmaiavam
num tresmalho de céus (...)"

no desnudar das palavras,
o silêncio da pele.

VFS

Mateso disse...

O lugar do tudo em nada desenhado.
Bj.

L e n a disse...

Um silêncio perfeito,
frente a imensidão do Mar
onde so a espuma veio lamber os ultimos sinais
Mas onde é que nidificam as marés...

Poema como sempre escrito com a alma dum poeta que adora seu Mar.

Beijinhos

Gabriela Rocha Martins disse...

rendo.me ao silêncio

pela excelência do POEMA




.
um beijo

opolidor disse...

recônditos são pensamentos de um poema...

mfc disse...

A capacidade de olhar e poemar é brilhante em ti.

Laura Ferreira disse...

Bom voltar a estes areais e ver que as palavras continuam a brilhar.

Graça Pires disse...

Elegia do silêncio, onde ouvimos a enchente das marés no coração das palavras.
Mais um belo poema!
Beijos.

Alberto Oliveira disse...

- Não achas que o poeta está a querer dizer que o Outono está aí não tarda?

- Ná. Isto é o relato de um amor de Verão que chega ao fim...

- Pois cá para mim, depois de lambidos os sinais, muitas noites de Inverno esta paixão há-de conhecer...

- Coisa para durar até á Primavera pelo menos, não?

pin gente disse...

muito bonito!
não costumo trazer para o comentário a palavras que leio no post mas gostava de salientar que me encantou a frase "as águas lamberam os teus últimos sinais".
beijos
luísa

vermella disse...

sempre é un gusto vir por aquí e atopar tanta beleza,que efimera é a felicidade!!
beijhos ben querido poeta.