Lá em cima no mais alto
entardecer dos últimos ninhos
as pedras
num sopro de alvoradas
assumem o coração das aves
erupções de asas
e das suas entranhas correm
lavas vertilíssimas
pelos nossos lábios
uma certa navegação de símbolos
em carne viva
ao rubro pelas vertentes
e o ar que se respira a si mesmo
promete um silêncio profundo
em anfiteatro
onde só os pássaros sem amos
crescem em coro sibilino
Lá em cima no mais alto
entardecer dos últimos ninhos
o frenesim da paisagem
exalta-se em vertigens passageiras
precárias definições
como se os melhores caminhos
não estivessem vivos
nos desertos conhecidos
por debaixo das areias
quase à tona
gloriosos,nómadas,tatuados
silvestres
22 comentários:
Aromas fortes, telúricos.
Abraço.
"Lá em cima no mais alto
entardecer dos últimos ninhos" silencio a voz para não profanar a beleza do poema.
Um abraço.
"Lá em cima no mais alto
entardecer dos últimos ninhos"...
existe sempre o mais alto que se busca num "frenesim da paisagem" e uma constante incredulidade no trilho "dos desertos conhecidos
por debaixo das areias"
**
Sempre um prazer viajar neste mar de mão cheia.
Li e reli... vou ler de novo!
Grata
Mel
Sempre me pergunto - e respondo - donde vem essa canção da terra que à terra volta, em pés descalços.
Abç
Um prazer, como sempre. Deixa-me na boca o sabor dos movimentos cósmicos que determinam a vida, o fogo, a paixão e o entardecer.
Um beijo
e o ar que se respira a si mesmo
promete um silêncio profundo...
"Lá em cima no mais alto
entardecer dos últimos ninhos
o frenesim da paisagem
exalta-se em vertigens passageiras
precárias definições"
mas aqui nada é precário.
antes o discurso silvestre de quem sabe.
ver.
_________________beijo. grato.
Que lindo poema... pulsante, fez vibrar meu âmago ancestral, minhas raízes, minha cor.
E estão vivos os caminhos,à espera de um golpe de asa, de um voo picado.
como se....
como se.
..
x
Poderemos titular, estas palavras, como sendo "O Poder da Natureza"?
Abraço
lá em cima, no mais alto livro, o poema que aqui escreveste. adorei também a ilustração :) um beijo*
belíssimo poema silvestre!
há muito que não te lia
tão
BELO
.
um beijo ,ainda sem café
pássaros sem amos... em sopro de alvoradas!
como um grito de vermelho e negro (in)esperado...
belo, Poeta!
abraços
Me recordo da minha cidadezinha como um lugar de infância chapinhada, um lugar onde o próprio tempo transpirava.
O mar não nos tocava apenas como margem do nosso pequeno mundo.
O mar vinha de baixo, fluía entre os poros da terra, como um suor imenso.
E tanto éramos feitos de líquido que ainda hoje eu creio não ter terra-natal.
A Beira é minha água-natal.
Assim escreve o Mia Couto e eu assino por baixo, concordando.
Bom fim de semana.
Bons banhos de praia ou de rio.
Ao rumor das palavras laceradas e ferozes junta-se a simbologia inquietante da fotografia, para nos monstrar, com a clareza inerente ao poeta, que os melhores caminhos podem estar substerrêneos.
Belíssimo
Em consonância com a terra. Muito belo.
Belissimo...
Parabéns.
http://desabafos-solitarios.blogspot.com
Aqui de cima
avisto todo o deserto
Desorientada
contemplo
um ou outro oásis
perdidos
na imensidão
Desorientada
rebusco
símbolos e convicções
...
o último ninho
que deixei
para além do deserto...
princesa
Estudei o acordo ortográfico.
Boa semana é o que lhe desejo.
não só a imagem é linda... teus versos?! belíssimos!! Valeu, mesmo!!!
um abraço fraterno.
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