Os cães choravam em silêncio
e eu não sabia porquê
pensei no pobre limoeiro a afundar-se
lá onde nidificam toupeiras
ao entardecer
na estrela persistente
que viceja à noite no portão
nos olhos claros de um certo azul
que ilumina a casa
no desfolhar ensombrecido
das roseiras
vasculhei tudo
invadi searas proibidas
até ao mais íntimo da pele
pó sombras sonhos bibliotecas
perguntei-te
quando desaguas?
e tu desaguaste à janela
a marejar entristecida
e eu não sabia porquê
foi quando os cães se levantaram
para soltar os pássaros
Eufrázio Filipe
"Chão de claridades" colectânea 2008/2012
Editora Lua de Marfim
Lindo =)
ResponderEliminarFeliz dia do Poeta
Beijo. Bom fim de semana.
Às vezes, precisamos de gritar e libertarmo-nos da dor...
ResponderEliminarBom fim de semana....
Beijos e abraços
Marta
ResponderEliminarChorar alivia o coração das suas mágoas.
Muitas vezes não se sabe bem porquê. Talvez
um acumular de coisas que num qualquer
momento faz rebentar o dique das emoções.
Abraço.
Olinda
reabri os comentários
ResponderEliminarespero-te no meu "planalto"
abraço
Há que soltar os pássaros sim!
ResponderEliminara linguagem dos sentidos...
ResponderEliminarbelo poema.
abraço
Multiplicidade de leituras...
ResponderEliminarHá que soltar a liberdade dos pássaros que vive em nós, Poeta!
ResponderEliminarNão esperar que sejam os cães a dar-lhes liberdade.
"Como eles, somos livres...somos livres de voar"
Que o voo seja bem alto e definitivo...
Beijo.
Lindo.
ResponderEliminarHá dores que libertam.
Viva a liberdade.
Um poema tão bem dedilhado, só poderia servir de parapeito ao voo. Bj.
ResponderEliminarMagnífico poema! Os pássaros livres vão reinventar a íntima peregrinação da luz no olhar do poeta.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Belissimo poema.
ResponderEliminarUm abraço
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Lindo poema!
ResponderEliminarE quando se soltam os pássaros respira-se liberdade.
Beijinhos,
Ailime
Caro Eufrázio Filipe gostei de seu poema. Um poema singular, no meu entender. Parabéns.
ResponderEliminarUm abraço.
Pedro
De cortar a respiração, Eufrázio.
ResponderEliminarRazão têm os cães que choram no labirinto perdidos, sem memória.
- Onde pára o fio das águas
que amarra as asas aos pássaros?
Perguntem ao Poeta que sabe de roseiras e estrelas.
Abraço
Soltar pássaros... soltar a imaginação.
ResponderEliminarLindo!
Abraço.
ResponderEliminarhá sempre um momento de soltar os pássaros
para que as mágoas se misturem com o vento e as lágrimas desbaguem no oceano
é urgente o momento...
;)
"e tu desaguaste à janela
ResponderEliminara marejar entristecida
e eu não sabia porquê"
É a raridade dos ombros em que se pode transbordar mesmo sem saber/dizer/pensar porquê que os torna tão preciosos.
Maravilhoso!
ResponderEliminarBj