Um círculo de garças
nem brancas nem esguias
adormecem nos barcos ancorados
com olhos excessivos
Nesta ilha sem vista para o mar
navegam águas improváveis
faúlhas num incêndio
de partículas sitiadas
Aqui paira o aroma da cânfora
em ressonâncias quase divinas
pousam lábios em cálices de cicuta
O mar não é sempre azul
e talvez por isso se agite
nos mapas imaginários
rasgue caminhos
para não se perderem os náufragos
Nesta ilha de bálsamos
onde os destinos se desmentem
afagamos ruínas soltamos hinos
por sobre a memória das pedras
damos voz aos silêncios
até que as garças
se tornem brancas
como flores de espuma
Eufrázio Filipe
"Que fizeste das nossas flores"
Um cais onde mora a agitação e um olhar excessivo.
ResponderEliminarAdorei.
Que bonito!!
ResponderEliminarBeijinhos
Uma ilha de mistérios.
ResponderEliminarHoje este teu poema
ResponderEliminaratingiu-me em cheio, meu poeta
Sinto-me numa ilha sem vista para o mar
a soltar hinos sobre a memória das pedras
Dá-me animo para dar voz aos silêncios
Dá-me
Mergulhei, profundamente,
ResponderEliminarno teu sublime e,
quase no fim, já sem fôlego, vi,
como que premonição do destino:
"Nesta ilha de bálsamo
onde os destinos se desmentem
afagamos ruínas soltamos hinos
por sobre a memória das pedras".
Isto a semana passada.
(Eu)
E no entanto permaneço
na aparência dos dias
a navegar sem vento
que me resgate e leve,
sem esperança que me "roche".
Tento.
Abraço.
"o homem é uma ilha..."
ResponderEliminarabraço
Há sempre mistérios que nunca entenderemos...
ResponderEliminarLindo....
Beijos e abraços
Marta
Tão belo!
ResponderEliminarBeijo
" Recados " ditos de uma forma soberba e bela !
ResponderEliminarGostei da "ilha sem vista para o mar".
ResponderEliminarE de todo o poema, que é notável.
Bom fim de semana, caro Eufrázio.
Abraço.
Uns numa ilha sem vista para o mar, outros num mar sem ilhas, Ofélia vem aí, que chova porra! Tenho a varanda cheia de faúlhas! Não há incêndio que mereça um verso! Traz-me água, poeta, do teu estuário! As sirenes dos bombeiros incendeiam os silêncios, a linha do horizonte está pintada com o clarão assustador, são 22 horas. Já que os poderosos teimam em não ver isto que o sintam ao menos todos os poetas!
ResponderEliminarUm abraço vago e em vaga
É tão mas tão bom 'lê.lo'. Este poema é belíssimo! Bjs :) Obrigada
ResponderEliminarEu gosto das flores de espuma, mesmo que o mar se agite!
ResponderEliminarBjs
As garças serão sempre brancas nos teus poemas porque os escreves com palavras transparentes...
ResponderEliminarUma boa semana, meu Amigo.
Um beijo.
Mar,
ResponderEliminarOs teus poemas são sempre de uma beleza extrema. Este não foge à excepção.
Beijinhos.:)
A.
Magnifico poema!
ResponderEliminarPor vezes torna-se necessário quebrar os silêncios.
Beijinhos,
Ailime
Muito bonito.
ResponderEliminarbj