quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A CADEIRA VAZIA






Em cardume
nos olhos dos peixes
lá estavam os pescadores

Na véspera dos relâmpagos
e outros afectos
dulcíssimos corações
clareavam as noites
e nós só podíamos fazer
o que fizemos

sentámos à mesa
os ausentes
levitámos em voz alta
o sussurro das marés
recolhemos estrelas
no chão das águas


celebrámos a cadeira vazia


Eufrázio Filipe
"Chão de Marés" colectânea 2013/2o16
editora Lua de Marfim


16 comentários:

  1. «e nós só podíamos fazer
    o que fizemos»

    se a cadeira ficou vazia
    bem feito foi
    o que apenas fizemos

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  2. E há sempre uma cadeira vazia...
    Excelente poema, gostei imenso.
    Continuação de boa semana, caro Eufrázio.
    Um abraço.

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  3. este belo poema fez-me lembrar "...Naquela mesa tá faltando ele
    E a saudade dele tá doendo em mim...",
    Naquela Mesa_Música:Sérgio Bittencourt
    abraço

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  4. Há sempre ausências que falam alto...
    Lindo..
    Beijos e abraços
    Marta

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  5. As palavras levitam as memórias ainda que as cadeiras estejam vazias,elas permanecem ocupadas de sentimento.

    Um abraço,
    mz


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  6. Os afetos - como relâmpagos - no âmago do poema. E um caminho em cada verso.

    Beijinho.

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  7. Uma cadeira vazia é coisa triste e não há muito o que fazer.

    Beijinho.

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  8. Cadeira vazia, chão com poucas estrelas.
    Celebremos então o mar, no coração da noite.
    Beijo, E. Filipe!

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  9. Será que uma cadeira vazio significa a ausência? Neste poema, meu Amigo, ela traz-nos "os pescadores nos olhos dos peixes" e as estrelas recolhidas "no chão das águas". Tão belo!
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  10. Belíssimo, meu caro!
    Eu poderia analisar, sabe-se que poderia...mas prefiro fruir!

    Beijo

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  11. Celebrar a cadeira vazia relembrando os ausentes que se fizeram presentes.
    Um poema belíssimo.
    Beijinhos,
    Ailime

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