quinta-feira, 5 de outubro de 2017

DESVENTOS





No espelho das águas
sacudi amarras
a preguiça das marés

Não chovia
em redor dos teus olhos

mas quando te recolhi
numa folha de papel
incomensurável e linda
uma brisa
sentou-se na cadeira vazia

e nós começámos
de novo
a lavrar areias

a desbravar outonos
folha ante folha

Estava tão aceso o mar
que nem pareciam azuis
os teus olhos


Eufrázio Filipe
"Chão de marés" (reconstruido)

13 comentários:

  1. E viaja-se... sem que nada volte a ficar vazio....
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. "desbravar outonos folha ante folha". Como não havia de incendiar-se o mar e o olhar?
    Magnífico poema, meu Amigo.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  3. É necessário tornar a lavrar o mar arável...
    Mister para hábeis lobos do mar...
    Lirico, envolvendo os sentidos...
    Muito belo.
    Bj ~~~

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  4. Água(s) redentora (s)...
    Muito belo, cândido e tocante.
    Bjinho

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  5. Um poema lindo, com o amor à flor das águas.
    Beijinhos,
    Ailime

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