quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

TANTA LUZ





Junto ao portão
os cães ladravam
aos outros cães

havia um portão
de faúlhas
e a noite acordava
com pássaros claros

e agora?

neste restolho de latidos
e gestos inacabados
que hei-de fazer
a tanta luz?

que hei-de fazer
quando te deitas
nas escadas do templo
a tecer fios de música

e os cães não se calam?


Eufrázio Filipe
Editora Lua de Marfim


25 comentários:

  1. um belo poema, amigo
    apetece-me dizer:

    nem a taramela
    me salva a porta
    e a cancela
    mas não me pisem a horta
    nem me mordam a canela


    eu vejo-vos da janela...

    abraço

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  2. Gostava de ter engenho e arte para comentar este poema com algo mais do que um muito bonito, que eu sei não diz nada.
    Mas poesia é tão difícil de comentar para mim, que muitas vezes entro, leio e saio sem deixar rasto.
    Sempre pensei, que poesia sente-se, não se comenta. Este poema é puro sentimento.
    Abraço

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  3. O que mais há, Mar Arável, é cães a ladrarem a outros cães... Muito bem posto!

    Beijinhos luminosos.

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  4. Como queres que os cães se calem, se o poema é luz e som?
    Abraço meu irmão poeta.

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  5. Há poemas que nos entram no peito, como um soco...
    Este e um deles!
    A luz, a música, o latir dos cães, soam a verdadeira Poesia...

    Muito belo Poeta, abraço...

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  6. Com tanta luz, que mais senão tecer fios de luz?
    Os cães ladram. Os outros cães entendem a mensagem...
    Beijinho E.F.

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  7. Junto ao portão
    os cães ladravam
    aos outros cães

    havia um portão
    de faúlhas
    e a noite acordava
    com pássaros claros

    e agora?

    neste restolho de latidos
    e gestos inacabados
    que hei-de fazer
    a tanta luz?

    que hei-de fazer
    quando te deitas
    nas escadas do templo
    a tecer fios de música

    e os cães não se calam?

    Na matilha há cães e cães. E não se sabe bem donde vem a afinação.

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  8. Agora? Viver....
    Nada há mais a fazer....
    Beijos e abraços
    Marta

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  9. É bom haver muita luz e que os cães
    não se calem.
    Abraço amigo.
    Irene Alves

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  10. Cantei-o com ardor, o poema,
    incendiou(-me) a noite.

    Na pauta dos degraus
    cada cão tem uma lua
    em sinfonia latida

    Abraço.

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  11. Apesar da luz, haverá sempre cães que ladram. Provavelmente porque só gostem do escuro.
    Mania minha, tentar decifrar o poeta!
    BJ, amigo 😊

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  12. Bonito poema! Voltarei. Vou linkar ao meu

    Beijos
    Bom fim de semana.

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  13. Há quem esteja às escuras e os cães também não se calam .
    Que haja sempre luz por aí !

    Um beijinho

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  14. nem os cães te calam os versos!

    bons versos te tenham e um abraço

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  15. Os cães podem ladrar mas que importa isso se há pássaros claros para nos conduzir para a luz. Aproveitemos a luz.

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  16. Tanta luz a incendiar as palavras do Poeta!
    Cães a ladrarem a outros cães é o que mais há por aí...
    Um belo poema, meu Amigo.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  17. E os cães ladram e fazem eles muito bem. Temos muito a aprender com os nossos fieis amigos e não só com estes, Mesmo aqueles chamados animais da selva, os ferozes, ensinam-nos muito. Só nos foi dado o dom de falar, mas nem esse sabemos usar convenientemente; cobardemente calamos, resignados aceitamos , enquanto " cães malditos" ameaçam morder-nos. Beijinhos, amigo e ...tem muito cuidado com aqueles " cães que não ladram", mas mordem.
    Emilia

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