domingo, 19 de junho de 2016

SONÂMBULOS DE OLHOS ABERTOS





É tão pouco procurar nas palavras
o rosto do lume que precisamos
para dar comer às pedras

procurar no barro
a linguagem dos gestos

nas flores o vinho das abelhas

a incerteza vigilante que conduz
o olhar de todas as coisas

É tão pouco procurar na razão essencial
uma navegação de migalhas

o sangue tatuado nas veias
de memórias e paisagens

o peso do coração
no peito

caminhos da água
que os rios seguem
sonâmbulos
de olhos abertos

Eufrázio Filipe


21 comentários:

  1. Todos sabemos o que Einstein disse sobre as abelhas: “Se a abelha desaparecesse da face da Terra o Homem só teria quatro anos de vida”.

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  2. A boca presa ao litígio dos sonhos. Sonâmbulos somos, com a secura nos olhos. Apesar "dos caminhos de água". Mas precisamos do barro das palavras para ouvir o silêncio...
    Magnífico, o poema, meu amigo.
    Um beijo.

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  3. É tão pouco o caminho livre.
    É tanto o olhar do poeta.
    Gostei imenso.

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  4. Ás vezes, estamos perdidos no próprio caminho... Estamos indecisos...
    Interessante...
    Beijos e abraços
    Marta

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  5. ~~~
    Um poema profundo que gostei de apreciar.
    Beijo, Poeta amigo.
    ~~~~~~~~~~~

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  6. os rios têm razão. hão-de chegar à Foz.

    um poema a "doer" no osso.

    e que (com outros publicados e a escrever) fazem de ti o poeta que admiramos.

    abraço fraterno, meu caro Eufrázio.

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  7. Beleza de contrastes mais que inspirados.
    Cadinho RoCo

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  8. Quem sabe se sonâmbulos, os rios,
    despertam da letargia que os conforma?
    É que há pedras que faíscam lume novo.

    O Poeta assume a missão das palavras eloquentes,
    como destino.

    Abraço

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  9. E é tão pouco, um pouco tão pertinho, bastando um dedo para o tocar. Mas parece demasiado, parece inatingivel, inatingivel um gesto, um sorriso, uma mão estendida; pouco, muito pouco para mudar o dia, nosso e dos outros;e era bom que entrassemos no barco sempre de olhos bem abertos, admirando a beleza das águas, as flores, as abelhas, tirando assim o peso do coração e enchendo-o com a essência de todos os encantos que encontramos nas margens deste rio que é a vida. E sonâmbulos é o que parecemos tantas vezes, amigos.Beijinhos e tudode bom.Gostei muito!
    Emilia

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  10. E enquanto o rio dorme, o poeta desenvolve oceanos.
    Lindo demais, parabéns!

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  11. É tão pouco para garimpar os tesouros que a vida esconde... Basta o equilíbrio... E onde ele se esconde?

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  12. Um poema de navegação das palavras
    na excelência e beleza expressadas!

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  13. O poeta tacteia, em busca de respostas, enquanto se orgulha de cada passo dado...
    Sempre bem, Eufrázio.

    Abraço

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  14. Acho que o que escasseia um pouco em todos nós, é a força de continuar procurando espaços abertos, é sentirmo-nos cada dia mais inseguros e descrentes, é não se saber como abandonar o peso que tomou conta do corpo cansado, nesta navegação feita de migalhas de pão...
    Caminha-se sobre a água como se fomos sonâmbulos acordados.
    É mau, muito mau, mas o caminho é sempre em frente.

    Um abraço, Poeta.

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  15. Como "sonâmbulos de olhos abertos" seguimos na busca de migalhas incertas.
    Magnífico como sempre.
    Beijinhos,
    Ailime

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  16. Excelente construção poética!
    É tanto o que dizes em cada verso!
    :) :)

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