terça-feira, 8 de setembro de 2015

UM HINO ÀS TEMPESTADES






Na tremulina deste mar
que não se consente agrilhoado
mesmo que seja breve o azul
no perfume das águas
mesmo que o cíclico pássaro
de plenas asas
adocique o bando
não te vejo a abandonar a luz
clara silvestre dos relâmpagos

o ar que respiras
pelas narinas do vento
continua a movimentar-se
agita as dunas
grita nas falésias
contra a absolvição dos destinos

submerso no chão das maresias
um dia virás à tona  tanger um hino
à ternura das tempestades 

o brilho dos teus olhos
de tão órfãos
ainda terão uma pedra

para atirar às estrelas



Eufrázio Filipe
"CHÃO DE CLARIDADES" 

22 comentários:

  1. E como magia nascerá nas ondas a melodia de um pássaro que trará nas asas a pedra a ser lançada às estrelas...

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  2. Que lindo! Que nunca nos falte o brilho no olhar.
    Beijo.

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  3. "Eu ontem passei o dia
    Ouvindo o que o mar dizia..."
    António Botto

    Este poema é um hino. Tão bom :)

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  4. Muito belo!
    A esperança, sempre!
    Beijinhos,
    Ailime

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  5. Eu já não passo os meus dias
    a ouvir cantar o mar,
    que tanto amei

    Não sei quantos morrem nesse mar!

    Maria Luísa

    "os7degraus"

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  6. "o brilho dos teus olhos
    de tão órfãos
    ainda terão uma pedra

    para atirar às estrelas"

    Na dimensão desta beleza poética,
    somente o silêncio contemplativo...
    Bravo!!
    Bjs.

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  7. ~ ~ ~
    ~~~ «Submersos no chão das maresias...»

    ~ São muitos, infelizmente! Mas mais ternas
    são as tempestades, do que alguns humanos...

    ~~~ Pertinente, este belíssimo poema. ~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

    ~~ Beijo, Poeta amigo. ~~
    ~ ~ ~ ~

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  8. talvez no brilho do olhar
    floresça uma flor por entre as pedras
    e só a flor
    será atirada às estrelas

    no cimo da escarpa

    :)

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  9. A beleza da imagem reduzirá os submersos.

    E quem não atirou pedras
    às vidracas?
    É às tantas da matina que se bebe
    o néctar da vida.

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  10. "o brilho dos teus olhos
    de tão órfãos
    ainda terão uma pedra

    para atirar às estrelas"
    Tão belo!
    Um beijo, meu Amigo.

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  11. Estende o teu braço ao Mar,
    Para acalmar a tormenta.
    Que, mansa, há-de ficar
    No leito que acalenta.



    Abraços
    SOL

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  12. Espero que esse dia surja!!!
    Desejo muito que surja!!!
    Abraço amigo.
    Irene Alves

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  13. Passando, relendo, e deixando um beijo nos votos de uma linda noite de sonhos realizáveis e um domingo de alegrias e paz.
    Com carinho,
    Helena

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  14. Espero que não atire pedras às estrelas... :))
    Bj.

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  15. Só o vento poderá inverter o destino das pedras....
    Belo pois!

    Deixo um abraço

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  16. Esse Chão de Claridades leva-nos pela mão numa viagem em busca da luz.
    Haja sempre pedras para atirar e desentorpecer as mentes.

    Abraço

    Olinda

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  17. Gostei.
    "(...)o brilho dos teus olhos
    de tão órfãos
    ainda terão uma pedra

    para atirar às estrelas"

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  18. Um poema que homenageia cabalmente o teu "mar arável".
    :) :)

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