quarta-feira, 20 de maio de 2015

NO PÚLPITO DAS CEREJEIRAS







Há um sulco invisível na água
onde viajo
e me transformo

talvez por isso
não faça sentido atear velas
queimar incensos

mexer nos ponteiros do relógio
inventar um barco e partir
folha ante-folha

talvez faça sentido
desbravar fronteiras
repartir afectos gorjeios e migalhas
no púlpito das cerejeiras


Eufrázio Filipe

 

24 comentários:

  1. Muito bom poder ler-te, absorver a beleza de tão grandiosos poemas! Sente-se na alma o momento bonito em que adentraste o terreno da poesia para de lá extrair versos tão contundentes, tão criativos e eternamente profundos, como estes que culminam este admirável poema:

    "talvez faça sentido
    desbravar fronteiras
    repartir afectos gorjeios e migalhas
    no púlpito das cerejeiras"

    Nos sorrisos, meu amigo, deixo-te estrelas,
    Helena

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  2. E já que estamos no tempo delas...

    Abracinho :)

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  3. ~~~
    ~~ Sinto que faz o melhor sentido, Poeta...

    ~~ Deliciosamente belo este canto de pássaro livre,
    ~ que celebra a amizade em cúpulas de cerejeira...

    ~~~~ Alegres e felizes dias primaveris. Beijo.~~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  4. Sempre profundos e enigmáticos estes poemas! mas, é uma delicia ler.
    Bjs

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  5. Há sempre por aqui:
    um rio que corre por um interstício; um fio invisível de água; fendas que escorrem água que, por sua vez, descobre a pedra filosofal que se pode amar; marés e mareantes que velejam ao vento; ondas alterosas que bordejam a vida numa escarpa; e...pássaros! Tantos, tantos!

    É por isso que me sinto em casa e que tudo, tudo faz todo o sentido!

    Abraço

    Olinda

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  6. Mas há sulcos visíveis que nos falam de poemas invisíveis, que apenas se saboreiam.

    Abraço poeta

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  7. que o tempo das cerejeiras é tempo de semear partilhas!

    grande, enorme talento poético o teu - de uma forma tão "singela" vai tão longe...

    abraço, meu caro Eufrázio.

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  8. sinto que sim que faz sentido
    e que nas cerejeiras
    também exista um pássaro em seu canto
    bom domingo
    beijo

    :)

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  9. Tudo faz sentido na transparência da água.
    Cadinho RoCo

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  10. Gostei do poema, curto, mas com enorme intensidade, oculta no sentido quase invisível das palavras!

    Repartamos afectos, desbravemos florestas e fronteiras, se preciso for!

    Esqueçamos as migalhas...e deixemos que os pássaros debiquem as cerejas e nos encantem com os seus belos gorjeios...

    É tempo de renascer, Poeta!

    Beijinhos.

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  11. É tempo de repartir, sempre, quaisquer que sejam as cerejeiras.

    Abraço.

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  12. No púlpito das cerejeiras
    o que importa é ir-se
    ao ofício das vermelhas:
    dependurá-las nas orelhas.

    Trincai-as e vede o sumo
    que delas se despende:
    com o poeta se aprende!

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  13. Partilhar afectos faz sempre sentido.

    Beijos, MA. :)

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  14. Há um mundo dentro de nós. Vale a pena fazer viagens para dentro e devolver para fora os frutos que nele fermentaram.
    Sempre um "prato gourmet" ler(te).
    Bjo, Filipe :)

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  15. Magnifico poema!
    Faz todo o sentido desbravar as fronteiras das sombras que nos cerceiam.
    Bjs
    Ailime

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