terça-feira, 26 de maio de 2015

A SÍNTESE DA TUA NUDEZ






Se a morte existisse
os teus olhos clarinhos
não seriam tão azuis
nem se demoravam nos céus

mas hoje o mar sangrava
espumas brancas 
lenços de linho
pelas ruas deste chão

Quando desenhaste círculos no ar
para traduzir um rumo
contra o vento

à flor das mágoas
já desembarcavam
murais em carne viva

e eu sabia que serias a última
a partir
só não sabia que eras tu

Na verdade
onde se gera a metamorfose
pedra sonho

muito antes da luz afagar
a síntese da tua nudez
todo o espaço exíguo
se liberta


Eufrázio Filipe

 

21 comentários:

  1. Tão lindo e profundo isso!
    Sempre um aprendizado ler-te, obrigada pela partilha.

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  2. Muito belo profundo!
    "Todo o espaço exíguo se liberta" na leveza do ser!
    Bjs,
    Ailime

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  3. há aparições tão intensas,
    que todo o espaço é exíguo...

    muito belo, Poeta.

    abraço fraterno

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  4. Há seres etéreos. Poucos são os capazes de os desnudar...
    E eu deslumbro-me!
    Bjo, amigo Filipe :)

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  5. no olhar a nudez perfeita...

    muito bom!

    :)

    bom fim de semana.

    beijo

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  6. Poeta,

    Não visualizo os comentários que deixo no teu poema.

    Espero ter mais sorte agora.
    Abraço afetuoso!

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  7. Na subida linguagem do poeta, as palavras são feitas de luz.

    Beijo

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  8. Até que se lance luz a realidade, o sonho é possível...

    Beijo.

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  9. " o poema ensina a cair"

    Luísa Neto Jorge

    Bom fim de semana e abracinho :)

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  10. Não sei se primeiro escreve o poema e depois procura a imagem, ou vice-versa!
    A verdade é que há uma simbiose perfeita entre ambos.

    A ideia de Liberdade, o escapar a algo para que se estava predestinado está toda aí, implícita no seu poema e de acordo com a imagem, Eufrázio!
    O jogo de palavras é muito mais do que o afagar da nudez! É a fuga para a Luz, o deixar de ser um mural em carne viva!
    Estou impressionada e maravilhada! Bem-haja, por isso!

    Beijinhos.

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  11. "À flor das mágoas", na linguagem lindíssima do poeta, que escreve com o sangue...
    Um beijo.

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  12. A luminosidade despida a preencher o espaço

    do todo espelhando livremente o sonho...

    Poeta, a tua poesia nos arremata ao mistério do belo!

    Bj.

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  13. O espaço exíguo dilata-se na metamorfose da carne. Há sonhos em que as pedras se animam.
    Excelente a cena do poema. Ou o poema da cena!

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  14. Uma nudez vestida de belas metamorfoses.
    Onde tudo é possível.
    Abraço
    Olinda

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  15. Gostei muito deste poema. Parabéns pela escolha da imagem que o ilustra tão bem.
    Boa semana. :))

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