Na bela escarpa
à mesa do alpendre
quase tudo se vê
de olhos fechados
o dorso da serra
onde nidificam sonhos
um jardim de videiras
cães a ladrarem
quando a neblina invade o castelo
sombras amovíveis de pássaros
oliveiras
o perfume silvestre das hortelãs
o pó da azinhaga
um certo vento disponível para os lábios
uma nesga de mar
a cantarolar silvos de barcos
Neste deserto flamejante
povoado nos apeadeiros
esculpido em grãos de areia
as palavras amadas
tentam implodir
para acordar silêncios
com vida por dentro
Na bela escarpa
contra todos os destinos
a lavrar pedras com as mãos
em declive por sobre as águas
voeja
na mesa do alpendre
uma folha de papel
~
ResponderEliminar~ ~ Um poema belo e harmonioso, cantando sonhos bucólicos, ternos e ardentes que absorvem intensamente a mente do poeta.
~ ~ ~ Grata pelo momento muito especial...
Muito belo.
ResponderEliminarDestaco a última estrofe,
pela serenidade do movimento.
Bom fim de semana, EF
um prazer voltar aqui.
ResponderEliminarabraço.
imf
Grato Isabel
ResponderEliminarSei do que falas e rendo-me à maneira poética como falas do que falas.
ResponderEliminarAbraço fraterno
A beleza da metáfora a remeter para a fealdade do real.
ResponderEliminarUma folha de papel sempre é
ResponderEliminarmelhor do que 2 corpos como
ontem à tarde aconteceu.
Excelente fotografia.
Bj. e bom domingo
Irene Alves
ResponderEliminarMaravilhosa esta paisagem que se condensa de modo a fazer caber o mundo próximo numa folha de papel que
"voeja".
Lídia
E nessa folha de papel encontramos novas histórias e encontrar a beleza dos momentos...
ResponderEliminarObrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Das escarpas tanto se pode desprender, tal como o soltar desses silêncios que podem ter "vida por dentro". Se há coisa que deve acompanhar sempre um poeta, é uma folha de papel e uma caneta. Eu não sou poeta mas ando sempre com a minha Bic :-)
ResponderEliminarxx
Uma folha de papel muito bem usada!
ResponderEliminarAbraço
Excelente.
ResponderEliminar- - - - - - -
Na sua densidade generosa
o poema levita
no encanto das paisagens
Árduo é o lavrar pedras
duras no entender
nem os cheiros
silvestres do orvalho
as despertam para as manhãs
semeadas na folha de papel
Lavrar com as mãos é duro, só o resultado nos anima...
ResponderEliminar"a lavrar pedras com as mãos"
ResponderEliminarBelíssimo!
Beijo
Muito bonito o que sabe fazer com as palavras . Nos encanta e nos faz viajar internamente . Obrigada . Grande abraço .
ResponderEliminar
ResponderEliminarTudo numa sinfonia maravilhosa.
Abraço
Olinda
Deixaste-me sem palavras.
ResponderEliminarUm poema poderoso e avassalador.
Beijinhos
Vê-se melhor de olhos fechados... Abraços, boa semana.
ResponderEliminarÁguas primordiais que semeiam todos os sentidos no branco do papel.
ResponderEliminarUm beijo .
um escrita sempre de altíssima qualidade, amigo Eufrázio - a ler e reler.
ResponderEliminarum abraço saudoso e, se for caso, boas férias
Mel
Uma janela para a vida.
ResponderEliminarUm olhar interior.
ab
Imagem escolhida com o mesmo rigor sensível com que as palavras se juntaram.
ResponderEliminar«Na bela escarpa
contra todos os destinos»
Beijos
Gosto dessa escarpa que quase tudo se vê
ResponderEliminarde olhos fechados.
Beijo.
Já percebi que deve ser o vento a esculpir a agrura das escarpas para te deixar desenhar palavras - com os lábios.
ResponderEliminarBeijo meu.
Ver de olhos fechados. Só o poeta...
ResponderEliminarUm beijo, amigo.
Imagens visuais interessantes.
ResponderEliminarPrometi-lhe vir ter consigo à sua escarpa, e cá estou!
ResponderEliminarFiquei e vou ficar em silêncio a admirar a beleza da paisagem, o voejar dessa folha miraculosa e ouvir o rumorejar das ondas desfazendo-se em espuma de encontro às rochas.
Face a tanta maravilha, o som do silêncio é o melhor que posso dar.
Abraço.
Sua poesia é de uma beleza sem nome. Por isso é poesia e não tem nome, tamanha a beleza.
ResponderEliminarAbraços