Por tempo indeterminado, em chama, sem perder o sentido do voo, mais leves que as cinzas descobrimos um acesso - e foi por aí que rasgámos fronteiras, o teu corpo de pátria amovível.
Nós sabíamos que não basta ter razão para voar, construir sonhos com paus de fósforo - mas também sabíamos que por uma nesga de sol alumiávamos espaços desconhecidos, arestas de vento.
Foi por aí que navegámos por sobre as pedras contra o culto das personalidades, para evitar a profanação das metáforas.
Nós sabíamos despertar luas-cheias, vivificar os olhos dos peixes, tocar sinos a rebate e dar gritos na boca das sementes.
Alguém nos perguntou - a floresta, a árvore ou o galho? - e nós respondemos - a vida inteira.
Foi assim a pelejar contra Alísios e Adamastores que exultámos a Taprobana.
É verdade. Com águas nem sempres de feição, correntes de ar a invadirem portas e janelas até aos porões - o nosso mais íntimo da pele - sem nunca permitirmos a falta de um bago de romã no mastro mais alto da vida.
Foi assim andarilhos que discernimos as gáveas na rota das aves.
Quando pensámos ter chegado - limitei-me a olhar os teus olhos no espelho. E já foi tanto.
As tuas palavras surpreendem sempre, na reinvenção da língua!
ResponderEliminarAbraço
Luís
Nós sabíamos que não basta ter razão para voar
ResponderEliminarFiquei pensando... é preciso o que para voar? eu gostaria de saber...
ARCO -ÍRIS
ResponderEliminarNão creio mas acredito
que são precisas asas
em bandos alargados
Há tempos não passava por aqui.
ResponderEliminarPude agora sentir por seis vezes o sabor delicioso da romã.
bjs
Uma romã sufocada, querendo sair ...
ResponderEliminare se saímos voamos _se temos um céu sempre azul , um sol manso, campos fofos e verdinhos, mar calmo, a graça a delicadeza e braços que nos acolha_ Se possível 'sem perder o sentido do voo'.
andarilhos somos Eufrázio,
gosto dessa prosa .
desculpe o devaneio ,rs
abraços
ResponderEliminarOs regressos são tão só pontos de novas partidas. Assim nos revelou Ulisses.
Um beijo
Talvez porque desbravar os caminhos seja mais importante que chegar... mas, penso eu, é preciso algum motivo.
ResponderEliminarAo chegar ao numero 6,
ResponderEliminarapeteceu regressar ao inicio,
voltar a chegar e
"limitei-me a olhar os teus olhos no espelho. E já foi tanto."
Beijo
e se o espelho reflectiu os olhos (outros) então, tudo valeu a pena...
ResponderEliminar:)
Todo o ser para voar, mais do que as asas, precisa de manter o espírito leve.
ResponderEliminarSempre textos maravilhosos!
xx
leio com enorme agrado cada uma destas romãs, dedilhando as palavras como bagos. encontro nelas uma crença no poder do voo contra as muralhas da indiferença. uma determinação indelével num mundo melhor.
ResponderEliminargostei muito, Eufrázio.
abraço daqui
Assim andarilhos cantámos em peregrinação e continuamos...
ResponderEliminarMuito bom!
Abraço
Tendo como mote, a romã, cuja simbologia é tão forte, e positiva, tem construido narrativas e remisturado sentimentos vários que vão dar a um só.
ResponderEliminarQue se reinvente o mundo!
Boa semana!
Existe momento que não exige mais que puro e simples olhar.
ResponderEliminarCadinho RoCo
Entao ando precisando criar asas...
ResponderEliminarA poesia, a liberdade suprema, que vive de interpretações. E tantas e tão diversas pode ter este excelente texto.
ResponderEliminarOlá amigo! É neste andar de teimar,remar contra a maré que vamos todos lutando,sempre a tentar chegar ao ponto de partida,mas que a mesma seja um descanso para a alma que anda tão inquieta de tanto teimar.
ResponderEliminarBeijinho e agradeço visita.
assim o amador/poeta - servido por sete anos e mais sete que sejam por olhar que baste...
ResponderEliminarexcelente, meu caro Poeta
fraterno abraço
Todo o percurso
ResponderEliminaré projetado pelo olhar...
Este poeta a nos surpreender
com esse voo poético
de beleza incomum!
A imagem belíssima que
diz tanto do poema...
ResponderEliminarGosto de cada grão desta romã. E não é só por ser nossa.
Beijinho
Amigo, fico sempre comovida quando leio esta sua série sobre a romã! Julgo entender e por esse facto o mar adentra-se-me e comprime-me o peito em ondas salpicadas por bagos de romã salgados. Bj Ailime
ResponderEliminardas chegadas às partidas, reflexos de olhos que sabem olhar...
ResponderEliminarbelíssimas estas romãs que se colhem e saboreiam como se dedilham guitarras...
Abraço.
É para mim uma honra acessar ao seu blog e poder ver e ler o que está a escrever é um blog simpático e aqui aprendemos, feito com carinhos e muito interesse em divulgar as suas ideias, é um blog que nos convida a ficar mais um pouco e que dá gosto vir aqui mais vezes.
ResponderEliminarPosso afirmar que gostei do que vi e li,decerto não deixarei de visitá-lo mais vezes.
Sou António Batalha.
Aproveito para lhe desejar um feliz Natal e um Ano-Novo cheio de felicidades.
PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se ainda não segue pode fazê-lo agora, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.
Que a Paz de Jesus esteja no seu coração e no seu lar.
Excelente...Poeta.
ResponderEliminarDeixo-te o meu abraço,
Véu de Maya
E é sempre tanto o que levo daqui.
ResponderEliminar[A vida inteira]
Um abraço, Eufrázio
ResponderEliminarPródiga romãzeira que alimenta, que conta o rosário da nossa caminhada, do mar sulcado por velas e pelejas...e metáforas...exultando a vida inteira.
Abraço
Olinda
Como um simples reflexo, pode dar a perspectiva de uma vida...
ResponderEliminarQue as asas nunca lhe faltem e que em voo planado, atinja os mais improváveis lugares.
Deixo abraços!
Uma viagem onde bagos tão convidativos se transformam em sementes secas de fome.Porque a sede, essa, mata-se no vermelho belíssimo das palavras!
ResponderEliminarAbraço, E.
Lindíssimo e fantástica a tua historia!! Gostei de ler mais uma vez. Beijinhos fofinhos!!
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