O Inverno gatinhava os primeiros passos, prometia chuva abrupta e ventos norte, mas não passava de uma estação dócil , instalado na corrente das marés.
Reunidos no porão, começámos a falar coisas improváveis como se fossem verdades absolutas - e eram - tão verdadeiras as verdades que dizíamos, que nem pareciam improváveis.
A mesa estava posta mas a história não era linear à luz entristecida dos relâmpagos.
Nós sabíamos quase proféticos que uma colisão de galáxias faria explodir luminosidades no chão que pisamos e só um deus poderia criar Pandora.
Recordei o dia em que me desnudei para dizer a uma pedra com vida por dentro - o amor é revolucionário - e a pedra em chama se levantou.
Estávamos reunidos no porão, à margem do cântico dos pássaros, quando alguém fez um apelo - não contaminem as águas - e o barco sem que nos apercebêssemos aflorou um areal.
A noite não estava clara mas via-se perfeitamente nos apeadeiros da vida.
A reunião terminou sem conclusões. Desembarcámos a pensar uma vez mais ter descoberto a Taprobana .
O Dique ladrou com ternura para as estrelas e ao longe, ali tão perto, um vulto belíssimo, de contornos ancestrais seduziu-nos como se estivéssemos no princípio da fala.
A caixa foi aberta. Testemunhámos o improvável.
Lá no fundo, liberta de todos os males, sem mácula - a nossa romã dava sinais de acreditar.
Obrigada por esta leitura breve e apetitosa.
ResponderEliminarBj
A romã, sempre a romã mágica que liberta o espirito das coisas improváveis e adoça cada poema.
ResponderEliminarPode a Taprobana ser um sonho, um mito, um eterno ficar aquém, mas também vos pode levar mais além.
Gostei de ver que o Dique ladrou ternamente para as estrelas, pior seria se ele uivasse à Lua.
Belo texto! Hora a hora os deuses trazem melhoras.
Beijos.
Venho lendo, a espera de uma caixa.
ResponderEliminarhoje consegui abrí-la.
bjs
Verdadeiro é este texto que de improvável não tem nada, apenas uma suave magia que soube bem ler.
ResponderEliminarbjs
Ainda ontem era tão improvável,
ResponderEliminaro "provável" que agarro hoje às mãos cheias.
Acreditar sempre.
Belíssimo texto.
Beijo
Sónia
Terno este texto, embalando-nos suavemente
ResponderEliminarBelíssimo! É preciso acreditar! Bj Ailime
ResponderEliminarSó porque a "romã" é o "amor" se libertou da caixa de Pandora.
ResponderEliminarBelíssimo!
A beleza da metáfora, sempre!
ResponderEliminarUma leitura maravilhosa.
ResponderEliminarBeijo.
Contra todas as improbabilidades, há o testemunho...e os sinais vitais do fruto...
ResponderEliminarMaravilha esta sequência de Romãs!!!
Beijinho!
Reli, e volto a dizer: aqui a poesia é vida e testemunho de todas as improbabilidades...
ResponderEliminarBom fim de semana!!!
terno além de belíssimo e nada improvável....
ResponderEliminargostei muito!
:)
ResponderEliminarA/uma beleza da/de romã!
Beijo
Laura
Lindo texto,gostei bastante do que li na tua postagem,a fotografia também é muito bela. Desejo-te um mês de dezembro fantástico e maravilhoso,tudo de bom para ti!! Beijinhos e fica com deus!!
ResponderEliminarpagãos e puros! - quase reais...
ResponderEliminarabraço, Poeta.
O amor é revolucionário...
ResponderEliminarE a bela poesia sempre nos
proporciona uma libertação...
Abraço,grande Poeta!
ResponderEliminarVasto, o sentido simbólico da romã
nunca "desamarrado" de uma ideia de esperança, de renovação...
Lídia
ResponderEliminarO Dique a dizer da sua justiça...
E a Romã sempre presente.
A Taprobana não estará longe.
Abraço
Olinda