domingo, 2 de junho de 2013

A MEMÓRIA DAS PEDRAS





Quando a noite luz
ateio-me
num abraço de limos
escrevo em branco
onde se movem
sombras de pássaros
pétalas soltas
mares desgrenhados
na cadência do relógio de pêndulo

Pelas frinchas
oiço perfeitamente
o vento que faz
o uivo dos cães
o ranger das gáveas
o despontar em surdina
de novas flores no cais

Escrevo em branco
para não ficarem sem memória
as paredes da casa

 

32 comentários:

  1. E eis quem mais recolhe as lágrimas. As paredes de pedra.

    bj

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  2. E naqueles pedras
    escreveram-se vidas,
    que mediam o tempo pelo sol
    e regavam a terra com o suor.
    Julgo que se julgavam ricos
    na pobreza.
    E Deus agradecia,
    prometendo-lhes o céu.
    Não podemos nomeá-los pelos nomes, porque a memória se perdeu.
    Ficaram as pedras...

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  3. E escreves bem, porque as paredes merecem a tua Poesia.

    Abraço

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  4. Ando a procurar
    por dentro
    a cadência do pêndulo
    no decifrar
    da memória da pedras

    Escreve sempre nesse branco
    agora que aprendi a ler-te

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  5. Uma escrita que testemunha sempre o despontar de tanta emoção, nesse mar desgrenhadamente em movimento, trazendo e levando, luzes, pássaros e flores no cais da poesia!

    Lindíssimo poema, Eufrázio!

    ;))

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  6. As paredes da casa nunca ficam em branco...as pedras "falam"

    Abraço

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  7. Paredes de pedra contem muitas emoções e lágrimas que lavam as entradas,gostei muito amigo.
    Beijinho e boa semana.

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  8. As pedras fascinam-me, prendem a minha atenção porque me lembram a História. Beijinhos

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  9. Escreves em branco para salvares a nossa memória colectiva.

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  10. É muito bom lê-lo, pois é um Poeta!

    Só o título do blogue é de profundo sentido metafórico...

    Eu entendi bem o seu último comentário...mas não se iluda comigo. Um artificialismo poético é um artificialismo poético. Assim, as pedras choram, têm memória e eu tenho «alma». Só isso meu amigo e a minha, se a tiver, é alentejana, resistente...

    Beijinho

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  11. E como é belo escrever em branco para não ficar sem memórias nas paredes.

    Abraço,
    mário

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  12. Escrever no branco, deixa o testemunho mais vivo e inconfundível...

    Palavras mágicas que nos deliciam...

    Abraço!

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  13. Ah, se estas pedras deixassem de ser pedras, também soltariam uma lágrima!

    Beijinho

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  14. Desembaraçar-se dos limos e deixar as emoções escorrerem pelas paredes da memória, das memórias...

    Abraço

    Olinda

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  15. Gostei da escrita em branco para não se perderem as memórias.
    Beijinho. :)

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  16. Não há casa, não há pedra, não há espaço, não há recanto, não há objecto, não há... que não guarde memórias. Elas, as memórias, fazem parte integrante da vida.
    É por saber(?!) isso que tão bem as descreve.

    Abraço.

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  17. Memórias que jamais se apagarão, porque gravadas nas pedras. Bj Ailime

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  18. Quando se ergue uma casa colocando pedra sobre pedra, muitos são os segredos que nela ficam ciosamente guardados, década após década.
    Elas, as pedras, não falam, mas sentem e guardam memórias só suas onde se movem sombras de pássaros fugindo de mares revoltos.
    Assim se preenche uma página em branco!

    Beijo.

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  19. O granito sempre será granito.Transformado em poesia leva a outras construções. A memória é uma faculdade profunda.

    abraço,

    Véu de Maya

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  20. Gosto! Gosto muito!!!
    Bom fim de semana, Eufrázio :)

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  21. E escrever sempre...
    E que o vento leve as palavras
    cada vez mais longe...
    e que o Homem não se cale...
    Bj.
    Bom fim de semana.
    Irene Alves

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  22. as paredes das casa escondem estórias e nem sempre ficam na história...

    :)

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