segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ROSA DE SAL





Neste chão de ressonâncias
marés vivas
marnotos
marinhas valentes
e outros relâmpagos
transportámos
um sol de mãos cheias
à cintura um mar de sargaços

Nus de tudo
soprámos o espinho
que nos sangrava as pétalas

descobrimos as mãos
e os lábios
ao entardecer

dulcíssimos
oferecemos ao rio
uma rosa de sal


 

27 comentários:

  1. Quando será que voltaremos a ser capazes de soprar os espinhos que nos sangram as pétalas?

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  2. Excelente imagem as suas palavras nos transmite, Mar Arável. Tenhamos inspiração e força para nos erguermos dos espinhos e soltarmos as amarras.

    Abraço

    Olinda

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  3. Uma rosa de sal para temperar as nossas vidas.

    Um abraço,
    mário

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  4. Haja ainda sempre uma rosa, ainda que de sal, para oferecer ao rio.

    "Nus de tudo
    soprámos o espinho
    que nos sangrava as pétalas"

    Belíssimo

    Um abraço

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  5. "Dulcíssimos"... Parei aqui e fiquei a observar o gesto de oferecer ao rio uma "rosa de sal"
    Como a poesia nos acarinha... E como ela nos "atiça".

    Um beijo

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  6. Oxalá a rosa de sal sirva para salgar a terra!
    Abraço

    (Tive o sorte de trabalhar com o João Apolinário depois da seu regresso do exílio. Um Grande Homem que dignou ser meu amigo)

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  7. Nus de tudo, fica-nos a poesia para encher a alma.

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  8. Sim. Porque a maré pode trazer do mar, uma rosa de sal à flor da água.

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  9. Precisamos de ter muita força
    e não deixar que o sal nos
    queime a esperança - o sonho
    e o discernimento.
    Um bj.
    Irene Alves

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  10. "descobrimos as mãos
    e os lábios
    ao entardecer"

    Doce

    rosa de sal

    Abraço, poeta!

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  11. Nada como despir-se de tudo, transportando apenas "um sol de mãos cheias"

    Bjs

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  12. que os espinhos se desdobrem em pétalas. sempre...

    ... e sal (da lágrima) seja dulcíssimos lábios. em flor.

    abraço,amigo Poeta

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  13. Muito belo!
    Rosas na poesia é um gosto meu, muito antigo.
    Há beleza maior que as rosas mesmo quando as suas pétalas caem?

    Que o sal salve esta rosa e a preserve das intempéries que vêm dos lados de S. Bento.
    Beijinho.

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  14. O seu mar ficou mais salgado
    é que o desagua muito perto...

    enquanto conseguirmos soprar os espinhos das pétals

    ...mas não tarda falta.nos a força...

    saudades

    princesa

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  15. « Uma rosa de sal» É o que nos resta oferecer ao rio. Neste caso uma rosa de soberba poesia. Comovente sensibilidade.
    Beijinho amigo e uma flor.

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  16. Obrigada por proporcionar conhecer seu blog tão cheio de bons fluidos,poemas sentidos e lindos.
    Gostei muito do propósito do blog_ 'respirar por guelras" é bom demais! rsrs
    não podemos ter medo de nos afogar, coloquemos a cabeça fora d'água até a tempestade passar.
    Muito boa a 'florinha'_ incólume .
    meu abraço

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  17. Meu querido Poeta

    Que dos espinhos dessa rosa nasçam as mais belas pétalas.
    Sempre intenso.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  18. uma poesia sempre bela, ainda que o tempo que vivemos, seja, efectivamente, de espinhos cravados na voz e de sal nos olhos de um rio que se faz mar.

    bem-haja, sempre, pela partilha

    abraço daqui
    Mel

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  19. "Nus de tudo
    soprámos o espinho
    que nos sangrava as pétalas"

    Teu poema está em curso!

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  20. Para mim é impossível não lembrar do poema do Pablo Neruda, A Dança (http://pensador.uol.com.br/frase/MzMxMDI/).

    E é tão lindo e significativo quanto o poema do nosso querido escritor chileno.
    Gosto quando leio: "nus de tudo", pois é como se nos despissemos do peso da existência e a água do mar, a água de sal nos libertasse das impurezas da alma, das coisas do espírito, e nos recubrissemos de pétalas de rosas, cheiros e outros sóis.

    Lindo, como sempre!

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