quinta-feira, 13 de outubro de 2011

VERDADES IMPROVÁVEIS






Inesperadamente desenhei uma flor
soltei-lhe as pétalas

cadenciadas
silvestres
musicais
neste chão de marés

Foi preciso agarrar o vento
pelas tranças
esculpir um grão de areia
para a vida despontar num sopro
e a luz de corpo inteiro
se libertar pelas fissuras da pedra

Inesperadamente
antes da chegada dos belos relâmpagos
desenhei uma flor encarnada
que se desfolhou
para resgatar memórias
e outros silêncios

Foi preciso calar os cães
convocar os pássaros

surpreender-me com a evidência
e construir de novo
verdades improváveis



 

41 comentários:

  1. "agarrar o vento pelas tranças" é uma imagem bonito. Quando o conseguimos fazer conseguimos quase tudo...

    Beijo.

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  2. Um poema belíssimo, onde o resgate é possível. Um abraço, Yayá.

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  3. Se falarmos alguma coisa estraga o momento. perfeito.

    5 bjs

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  4. (eu gosto muito da transitoriedade da vida, sabe?
    e fiquei daqui imaginando as flores desenhadas, saltando do papel que as prendiam, ganhando vida, enchendo o ar de perfume, cores enfeitando a vida, e enfeitando de novo a verdade, que se pensou improvável!
    lindo, lindo!)

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  5. "surpreender-me com a evidência
    e construir de novo
    verdades improváveis"

    Caro Eufrázio
    Vejo neste excerto uma verdade adequada aos tempos presentes. Sim há verdades que "já" julgávamos improváveis, que vamos ter que construir de novo.
    Abraço

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  6. Quando se desenha uma flor cumpre-se o amor. :)

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  7. "Foi preciso calar os cães
    e convocar os pássaros"
    para que a caravana passe

    "Foi preciso agarrar o vento pelas tranças"
    para que não leve tudo desvairado
    para que a nossa terra em desalinho
    salte o muro
    fique de esperanças
    passe pelas agonias naturais
    e seja capaz de parir futuro

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  8. Há quem não saiba como se desenha uma flor. Ou como se agarra o vento pelas tranças. E há quem não chega a conhecer as verdades mais improváveis.

    Mas esses nunca respiraram o encanto dos poemas.

    [Verdadeiramente encantador.]

    Um abraço, Eufrázio

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  9. Tanto!

    Ainda assim,
    para construir de novo
    verdades improváveis

    Viajei nas belas imagens.

    Belo, Mar!

    Abraço daqui de Mar
    de Marlene

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  10. Cada vez mais fazem falta as flores encarnadas!
    Abraço

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  11. Temos obrigação de construirmos a nossa verdade... mesmo que imaginária!

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  12. Gostei do poema e achei a escultura, cuja fotografia apresenta, absolutamente fantástica.
    Onde está colocada?
    Um abraço

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  13. Querido poeta

    Quem como os poetas para reconstruirem essas verdades, que estão vedadas a muitos.

    Um beijo
    Sonhadora

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  14. Vivamos a vida nem que seja esculpindo-a grão a grão...

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  15. Vamos construir a nossa vida, mesmo sonhando...

    Bjs.

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  16. Sim, Eufrázio, é sempre refrescante vir por aqui e apanhar estas pétalas de uma flor encarnada para reconstruir as verdades improváveis, que nos farão agarrar o vento e voar com os pássaros...

    Um hino de esperança, foi assim que li, de entre muitas outras leituras que poderiam ser feitas. Daí a riqueza deste poema, que pode muito bem ser um novo "poemarma", num caminhar de vida por um amor maior...

    Sim, porque é urgente que o poema volte a ter o seu papel:

    "que se levante e faça o pino em cada praça"...

    Muito bom.

    Deixo beijos

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  17. Leio este poema como um repto encantatório à construção. E espero bem que assim seja. Já basta de destruição por via de mentiras mais que prováveis.
    Um abraço.

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  18. não se devem soltar as pétalas mesmo que seja num poema.

    gostei muito.

    um bom domingo!

    beij

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  19. não tenho tido possibilidade de passar pelos blogs de minha eleição, mas é com prazer que volto hoje a ler a sua poesia, sempre magnífica.
    a imagem é uma escolha excelente!
    e, sim, como precisamos de abrir pétalas, convocar os pássaros e reconstruir os tempos.

    excelente poema, abraços.

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  20. É esperançosa e bela a ideia de construir "verdades improváveis", certamente o gérmen necessário ao empenho na sua concretização.

    Um abraço.

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  21. Vi o tempo todo que andámos... até chegar àqueles novos seres que se indignam.
    Somos semente, somos cimento das verdades.
    Abç

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  22. Essa flor cada vez é mais precisa.
    Convocaste os pássaros, aqui estou!

    beijinhos

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  23. Intenso e forte."Pelo sonho é que vamos"...Poeta.

    abraço,

    Véu de Maya

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  24. Não só a flor, você desenhou uma belíssima poesia e nos chamou apara contemplar. Beijo

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  25. Na convocação dos pássaros, escrevemos. Escrevemo-nos. Porque as pétalas se querem soltas a inventar solstícios.

    Um abraço fraterno, caro poeta.

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  26. é tanto, o que me apraz dizer-te.
    tanto que nem me atrevo.
    assim comento as imagens que nas tuas palavras invento:
    ... e vejo-te imenso e impetuoso agarrando as tranças do vento, na obediência dos cães e no alarido da passarada, a linha vermelha da flor que nasce das tuas mãos a bordar um chão das suas pétalas.
    infinitamente belo, o teu poema, Mar!
    beijo meu.

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  27. Ah, como nós conseguimos ainda ir construindo verdades improváveis! De onde vem a força?

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  28. As verdades são difíceis de construir. Mas as improváveis...
    Abraço.

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  29. Querido Mar,

    A ilustração é fantástica e o poema maravilhoso. Gostei imenso. Obrigada.


    Beijos com carinho

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  30. Há sempre consequências para os nossos atos. Mas sejam quais forem...nunca devemos deixar de "resgatar" mmemórias.
    bj

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  31. agarramos a crinas do vento e calvagamos. deixando as marcas de um tempo improvavel...

    ... sempre!~

    abraço, meu Caro Poeta!

    (a palavra é uma arma)

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  32. pode ser que o meu trabalho torne o deles mais leve hehe

    Adorei o teu post

    Bjinhos
    paula

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  33. Poeta,
    Gostei imensamente deste teu poema: posso publicá-lo em meu blog, com os devidos créditos?

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  34. Pois que resgatemos as memórias, silenciadas...

    Lindo poema
    abraço
    oa.s

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  35. Que o vento nos leve aos sonhos...

    Beijos

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  36. Fantástico o poema e a escultura.Parabens pelo blogue :)



    silenciosquefalam.blogspot.com

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  37. Verdades improváveis e tantas verdades!
    Existe Eufrázio algo mais belo do que a verdade?
    Pode chegar tarde, mas chega com as ondas do mar...
    E tanto mar e tanta verdade...
    Adoro a sua escrita é transparente como a verdade!
    Bem haja por ter entrado na minha vida e me ter dado a conhecer a poesia da natureza humana.

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  38. Adeus meu Amor!
    Fui a Única que afinal conheci com todas as suas Verdades prováveis...
    Adeus!

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