terça-feira, 22 de março de 2011

ANCORADA À SOMBRA DOS BARCOS

René Magritte

Talvez por excesso de sonhos
acordei-te na minha escarpa
com sussurros de Primavera

memórias vivas de praias distantes
onde nidificam marés

Sem repouso nem pressas
porque tudo deve ser lento
no teu corpo

acordei-te devagar
para voares mais alto
que as aves no apeadeiro dos mastros

Sem a paciência do vento
a esculpir pedras
nem o sangue da velha araucária
que se renova

quiseste permanecer no cais
ancorada à sombra dos barcos

51 comentários:

  1. ..."Sem repouso nem pressas
    porque tudo deve ser lento
    no teu corpo
    acordei-te devagar
    para voares mais alto
    que as aves no apeadeiro dos mastros"

    Belo poema, Eufrazio!
    Voei com teu voo daqui...

    Um afetuoso abraço

    Marlene

    ResponderEliminar
  2. ancorados ao cais
    fica-se por vezes mais seguro...
    Beijo meu
    :))

    ResponderEliminar
  3. Tema recorrente mas sempre belo e com ritmos e palavras diferentes. Gostei muito.

    ResponderEliminar
  4. "porque tudo deve ser lento" quando se percorrem poemas assim. Terno.

    Beijinho

    Rosário

    ResponderEliminar
  5. Voará,lenta e bela,quando os barcos se fizerem contra a maré.

    Um abraço,
    mário

    ResponderEliminar
  6. De uma beleza extrordinária...
    Palavras leves, subtis, bem urdidas...

    ResponderEliminar
  7. Caro Eufrázio
    Os meus comentários são um bocado repetitivos. Especialmente quando digo que não percebo nada de poesia.
    Talvez não seja bem assim. Quando leio um poema, nunca fico só por uma leitura, faço-o várias vezes. Tento por-me no lugar do poeta e perceber qual o estado de espírito do momento em que o escreveu. Mas os poetas são assim... pôem-nos a pensar.

    ResponderEliminar
  8. paciente
    não é o que espera

    é o que vai à frente

    depois
    há sempre uma hora do dia, em que nos desassombramos

    muito bonito, o seu poema!

    um abraço

    manuela

    ResponderEliminar
  9. "Porque tudo deve ser lento no teu corpo..."
    Sim, devagar... com vagar!

    ResponderEliminar
  10. Os portugueses bem precisam de voar mais alto; para terem amanhãs têm de se inspirar nas tuas musas.
    Abraço

    ResponderEliminar
  11. Escolhas...
    poema de grande subtileza. Belíssimo!
    Um abraço

    ResponderEliminar
  12. "Talvez por excesso de sonhos..."

    Caro poeta,
    deixemos apenas um pé na terra, e sonhemos sempre, na procura do infinito.
    Lindo seu poema!
    Saudações

    ResponderEliminar
  13. "Os sussurros de primavera"... a mais bela melodia da natureza.

    Beijo.

    ResponderEliminar
  14. O excesso de realidade, quando se procura a quimera no sonho, é uma vaga gigante que se precipita sobre as recordações que flutuam no mar de todos os amares; como se um momento único houvesse sido parado no tempo, congelado a memória que vai aquecendo o poiso de embarque dos cais!... Vezes há em que se deseja a partida e a libertação da memória, todavia, os barcos estão ancorados a uma profunda tatuagem no coração!... Como uma sombra inseparável da Luz…






    Abraço

    ResponderEliminar
  15. O tempo certo para o amor, para o voo, para a esperança de nova viagem. Muito bonito, Eufrázio. Como sempre.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  16. Permanecer onde se sente confortável e segura.

    ResponderEliminar
  17. Belo e expressivo!
    O cais é sempre um porto seguro... mas há que voar.
    :)

    ResponderEliminar
  18. São os sonhos que dão sentido à vida.
    Que seriamos se "descarnados de sonhos"?

    Belíssimo, estimado amigo.
    Abraço daqui extensivo aos camaradas de quatro patas.

    Mel

    ResponderEliminar
  19. A sombra dos barcos está esculpida nos cais onde sussurram Primaveras...

    ResponderEliminar
  20. Convém ser devagar, com gentileza, porque haverá tempo para ondas gigantes ...

    ResponderEliminar
  21. voei com o teu sopro, lá do meu canto e, "devagarmente", amarei neste chão de mar que é teu a beber-te a beleza das palavras incomparáveis à sombra dos teus barcos :)
    beijo.

    ResponderEliminar
  22. Nunca sei como comentar as tuas palavras poéticas! Apenas, gostar. Muito.


    Beijo de boa noite

    ResponderEliminar
  23. Muy pero muy bello!!!
    Te felicito.
    Mi abrazo para ti.
    mar

    ResponderEliminar
  24. Muito bom esse poema, navegando perfeitamente com a imagem.

    ResponderEliminar
  25. Querido amigo,

    Muito belo e de uma leveza singela, ficar ancorada à sombra dos mastros onde o amor está mais presente...adorei!


    mil beijos!

    ResponderEliminar
  26. Num tempo em que não se limitam a roubar-nos os sonhos de hoje mas também os de amanhã e do futuro próximo, o "excesso de sonhos" é quase obrigatório para quem quiser a sobrevivência da alma... mas é tarefa dura... uma sorte, para quem tem ADN de poeta ;)

    Bjos

    ResponderEliminar
  27. Olá! :)
    Hoje passo para te desejar um bom fim de semana.
    Beijito.

    ResponderEliminar
  28. Pode, tantas e tantas vezes, ser mais seguro voar, partindo do cais. Ali, sabemos que os barcos vêm e voltam, ao ritmo lento das marés, mesmo que carregados de sombra.

    Um abraço sempre grato, pelos momentos privilegiados de boa poesia.

    ResponderEliminar
  29. Como sempre um belíssimo poema, que gostei de ler.
    Obrigado pela partilha.

    MARÇO
    para mim, MARÇO é um mês que significa muito na minha vida; tantas coisas têm acontecido nos MARÇOS da minha existência.

    Hoje estou numa de recordações. Houve tempos em que queria esquecer a fase final do meu KALINKA, mas agora já aceito, porque eu mudei e fui à procura de uma nova vida.
    SIM, com a ajuda daquela pessoa que tudo fez para que eu tivesse um blogue, a minha sobrinha TÂNIA, que partiu deste Mundo, há quase 2 anos - vai fazer domingo - dia 27 que a princesa nos deixou.
    Era um SER ESPECIAL e DEUS quer junto d'Ele todos os seres especiais.
    Daí que eu esteja numa fase de introspecção neste fim de semana, pois a TÂNIA faz-me muita falta, mesmo muita.
    Com ela partilhava tudo!
    Estou aqui a recordar o início do blog "KALINKA"
    20 de Março de 2005 – Início de uma nova vida!

    HÁ 6 ANOS QUE FAÇO PARTE DA BLOGOSFERA.

    "Deabrilemdiante" festeja a existência de 30.000 visitantes, é uma espécie de continuação do Kalinka.

    ResponderEliminar
  30. Não sei como vir aqui sem me perder do dia, das horas, da minha pele...quando volto a mim, sou um bichinho zarolho e naufrago morrendo de sede num mar arável por demais!

    ResponderEliminar
  31. Caro POETA Eufrázio;
    Mais uma poema de enorme qualidade literária.
    Gostei imenso.
    Parabéns.
    Um forte abraço.

    ResponderEliminar
  32. Ah, os versos! qão bom são quando lidos na sorvencia dos seus sabores...ou na leveza das suas texturas.
    Belo poema!
    Beijos,
    Genny

    ResponderEliminar
  33. Um belíssimo poema. Aqui, e por ele, fiquei ancorada.

    Bem-hajas!

    Abraço fraterno

    ResponderEliminar
  34. São estas leituras, estes poemas e estes sonhos que têm que nos alimentar a alma para podermos sobreviver.
    Lindo, lindo!

    Bjos

    ResponderEliminar
  35. A claridade emerge das metáforas como um luar de Agosto.

    Para viajar nas palavras.

    L.B.

    ResponderEliminar
  36. Nem sempre o voo se afigura vantajoso. Por vezes apetece o abrigo de um porto seguro.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  37. O cais, por vezes, nem sequer é o lugar mais seguro (que o digam, por exemplo, os barcos que estavam nos portos aquando do tsunami japonês...), mas o instinto de defesa chega a ser mais forte que o chamamento do voo...
    Excelente poema, gostei.

    ResponderEliminar
  38. belas as mulheres que permancem - como Sibila ou Penélope - para bálsamo de viajantes ... e poetas!

    insuperável. sempre.

    abraço, meu amigo.

    ResponderEliminar
  39. Deve ser bom repousar do mar à sombra dos barcos.

    Um abraço de admiração, sempre

    ResponderEliminar
  40. "acordei-te devagar
    para voares mais alto
    que as aves no apeadeiro dos mastros" Uma beleza que diz tudo...
    Beijos.

    ResponderEliminar
  41. "acordei-te devagar
    para voares mais alto
    que as aves no apeadeiro dos mastros"

    Em gesto abusivo, (ou não)
    acho que vou dar destaque
    a estes versos
    em qualquer parte
    _________________

    Venho aqui frequentemente.
    Leio e releio e, quando comento,
    faço-o porque algo mexeu comigo, por dentro.
    Dou uma explicação para o que faço, porque o faço e
    gostava que comentasse o efeito provocado

    ResponderEliminar
  42. voltei...
    para dizer-te de como é linda esta estrofe:

    "acordei-te devagar
    para voares mais alto
    que as aves no apeadeiro dos mastros"

    beijo:)

    ResponderEliminar
  43. A imagem que em mim fica é de aproximação. Sim. O poema nos aproxima dele, dá-nos tranquilidade e segurança para irmos mais perto e além. Um passeio à beira de sentimentos suaves, perenes.
    Na contramão da pressa e da falta de tempo da pós-modernidade, tu traze-nos um poema que conta um desejo (e uma história) construído(a), pelo conhecimento, pelo vagar, e não uma simples momento de passagem. E repleto de liberdade!

    ResponderEliminar
  44. ...e lá permanecerei!...

    assistirei aos teus êxitos
    aplaudirei de pé...
    Saberei esperar
    pela renovação
    nem que seja
    numa primavera distante!
    Contemplarei
    pacientemente
    a tua subida
    ao mais alto dos mastros
    até que as marés nidifiquem!...

    princesa

    ResponderEliminar
  45. Está visto, vou ter que passar por cá assiduamente...
    Lindo, lindo!

    ResponderEliminar