sábado, 8 de janeiro de 2011

ANTES QUE O INVERNO ACABE



Não fixes os olhos
onde desnascem pedras
e em bando se precipitam os pássaros

Vem afagar os cães
o coração dos meus barcos

deixa que abrupta a chuva caia
em desalinho rasgue neblinas
quebre silêncios

Recolhe os sons da água
e os latidos
até que se encham os cântaros
rebente de vez a indiferença
dos ranchos
vergados a decepar videiras

Deixa que tudo se mova
Vem amar esta terra
às mãos cheias
mesmo que a voz se deite em surdina
para mais tarde acordar
a partir do chão

Deixa que abrupta a chuva caia
de preferência com relâmpagos
para te incendiar a íris
o rancho se levantar
e as videiras ganharem força

Vem
antes que o Inverno acabe



43 comentários:

  1. Melancolicamente a chuva não vai embora.
    Virão no entanto os relâmpagos e as videiras irão ganhar força!
    Abraço!

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  2. Coisa mais linda seus dizeres poesia!Tocam tão fundo em mim nesse instante...poesia é assim...
    Abraços

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  3. Desde que depois de acabar... volte outra vez no próximo ano..."No Problemo" ;)

    Bjos

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  4. e mesmo assim parece tanto tempo até à primavera. a sede dos poetas tem de ser morta a tempo, não é verdade? :) um beijinho, eufrázio.

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  5. [arrebatadora a corrente, o sopro imaginado na palavra... vinco, sulco, rodopio em verso]

    Um abraço,

    LB

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  6. Espero que ouçam esse chamado e vá antes que o inverno acabe, inverno a dois é romantico, hum .... vinho lareira, aconchego de abraço quentinho... não me chamaram, e como educada que sou,não iria sem convite,kkkk, quem sabe na primavera, rs, rs, ( riso triste).


    Bom fim de semana com um inverno amarosto.

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  7. Faz tanta falta "amar esta terra às mãos cheias"

    "Antes que o Inverno acabe"... seria bom.

    Um beijo

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  8. Antes que o inverno acabe, tece os fios da saudade em teus poemas. Parabéns.

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  9. Poeta
    Estou a teu mando
    recolhendo os sons da água
    e os latidos
    até que se encham os cântaros
    --
    Irei
    antes que o Inverno acabe

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  10. Meu bom amigo,
    por vezes, os terrenos estão tão doridos das águas a galope
    que não permitem a sementeira

    nem o cântaro dos olhos
    suporta a água doce das lágrimas

    é então que um sol de Inverno afaga a terra, "às mãos cheias", no ciclo ininterrupto de todas as coisas,

    o oleiro gira a roda
    fabrica o tempo que vem

    uma cítara de barro
    uma harpa
    de cantar silêncios
    "no coração dos barcos"

    é então que tudo se suaviza

    as primeiras folhas irrompem
    o viço do olhos

    o poeta tenta o poema
    no recato dos verbos

    "antes que o Inverno acabe."

    Eufrázio, a sua poesia é bela, muito, muito, bela. Não me canso de lho dizer.

    Bem-haja, gratidão pela partilha
    Mel

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  11. Um desafio ao torpor do desânimo.
    Um clamor de esperança.
    Muito belo.
    Abraço.

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  12. Às vezes é mesmo preciso deixar que uma tempestade nos atravesse.

    Para que em nós se esgote.

    Um abraço

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  13. As videiras hão-de ganhar força mesmo com chuva.
    Abraço

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  14. aqui seremos, até que a videiras se façam vinho. do melhor arinto.

    belas as paisagens que teces.
    apesar do inverno.

    abraço, caro Amigo
    grato.

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  15. Achei o convite tão irresistível que me parece impossível não brotar poesia e emoção de qualquer estado ou estação que lhe esteja a atravessar...

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  16. Caro Eufrázio;
    Um poema maior. Excelente.
    Gostei imenso.
    Um forte abraço.

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  17. Há sempre uma espera no olhar que repousa entre a chuva que cai. Um olhar que apenas se realizará, brilhante, quando visível for a chegada de todas as sementeiras.

    Um abraço grato, por mais um belo momento de poesia!

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  18. Belisimo poema. Admiravel
    Passei aqui lendo o que tem pra ler. E observando o que tem para observar. E Exaltando o que tem de ser Exaltado. Estou lhe desejando um Tempo de Harmonia e de muita Inspiração. Entendo ter um blogue Agradavel, muito bom e Interessante. Eu, também tenho um. Muito Simplório por sinal. E estou lhe Convidando a Visitá-lo e, mais. Se possivel Seguirmos juntos por eles. Estarei Muito Grato esperando por Você lá.
    Abraços de verdade e, fique com DEUS

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  19. *
    um belo poema,
    antes e depois do Inverno !
    ,
    saudações
    *

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  20. Somos o Inverno e o Verão.
    Oscilamos como o pêndulo de Foucault...
    Mas nunca mais para de chover...
    Caro amigo, boa semana.
    Abraço.

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  21. Recolher os sons é quase tão difícil como incendiar a íris.

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  22. Deslumbramento de palavras do poeta... que faz parar este meu tempo, para absorver este chamamento poético.

    Beijo.

    Maria

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  23. "Vem
    antes que o Inverno acabe"

    É lindo o seu poema, gosto muito da sua escrita. Virei mais vezes "incendiar a íris", "antes que o Inverno acabe"...


    Muito obrigada pelo seu comentário na Matriz, Gisela

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  24. um poema que me deixou suspensa, nas palavras.

    até me comoveu...

    vem afagar os cães e o coraçao dos meus barcos...

    simplesmente talentoso.

    um beij

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  25. Tanta coisa desnasce neste jardim à beira mar desterrado...

    Um feliz 2011.

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  26. De como se fala de esperança pelo lado de dentro, com a poesia a chamar a coragem!Muito belo

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  27. Antes que o Inverno acabe nós estaremos aqui.
    Cederemos ao teu apelo e sentiremos a autenticidade dos dias, que apesar de Invernosos, ou talvez exactamente por o serem, aproximarão as pessoas da sua natureza.
    Abraço

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  28. Longo e cruel este inverno em que aguardamos que as videiras se alevantem e o vinho novo nos aqueça.

    Muito belo poema, como sempre.

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  29. A chuva que pedimos nos afoga.
    Pelo menos morremos nuntos.
    Amanhã ressuscitaremos.

    Abraços.

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  30. Belo poema.
    A água faz muita falta.
    É bom que os lençóis freáticos fiquem cheios para o der e vier no Verão.
    Um abraço

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  31. Meu querido Poeta

    Passando para agradecer o carinho das suas palavras e a receita do chá.

    Beijinho
    Sonhadora

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  32. A música da chuva quebra o silêncio no coração dos barcos.
    Antes que o inverno acabe alguém virá "amar esta terra às mãos cheias"... Muito belo!
    Um beijo, amigo.

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  33. Eu direi:
    antes que a minha vida acabe!

    Meu amigo, peço desculpa pelo meu desabafo.

    Hoje o meu post é sobre um cemitério, ia fazer uma crónica de viagem que tenho estado a preparar, mas perdi a vontade...

    Não sei se poderei continuar a dar-vos boas fotografias e posts bonitos, porque:
    Ando muito por baixo, não imaginas a minha vida.
    HOJE o m/marido disse-me assim:
    Prepara-te que um dia destes, acontece-te o mesmo que aconteceu ao C.C., limpo-te o sebo!
    Achas que é fácil viver assim; é uma tortura psicológica diária.
    Vivo debaixo de muitos nervos e em pânico.
    Avisei-o que iria dizê-lo publicamente para que, caso algo me aconteça, saibam aquilo que ele me ameaçava.
    Enfim, Amigo.
    Um conselho meu: aproveita a vida junto de quem te "merece", porque este não me merece, com toda a certeza.
    Beijos meus.

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  34. Belo poema.Cá estou, antes que o inverno acabe, para amar esta terra de mãos cheias, é urgente esta reconciliação com a vida e a natureza.

    bjs

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  35. Que belo poema, Eufrázio!
    Sublime!...
    Parabéns!
    ...
    Ir
    antes que o inverno acabe
    com chuva
    relâmpagos...

    Ir
    em qualquer tempo
    contemplar as videiras
    os pássaros
    os cães
    os cântaros de barro
    a luz
    o pôr do sol
    a natureza
    tão sublime como o teu poema

    Ir...

    princesa

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