Já os cães tinham ladrado tudo
quando os pássaros se recolheram
em coro nos jacarandás
e tu chegavas alada
da ciranda
para repousar no parapeito
da minha janela
Aqui tão perto ressoavam
os meus silêncios preferidos
nas marés desgrenhadas
os teus olhos de púrpura
recolhidos em ânforas
numa feira de barro
para ficares mais leve de palavras
Sereníssima afloraste o velho alaúde
mas foi da escarpa onde te vejo
que nunca saberei quem és
a projectar réstias de sol
nas sombras vertebradas
que movem os teus dedos
Cheguei
ResponderEliminarOs cães
em silêncio
acompanham os pássaros
por baixo dos jacarandás
Pé ante pé
sento-me a teu lado
escuto os silêncios
em silêncio...contigo
Silenciosamente
sopro-te no pescoço
levemente...
e retiro-me para a escarpa
sem me identificar
De lá
continuo a alimentar a vida
a projectar a luz
e a admirar-te
até que me reconheças
Serenamente
aguardo que chegues
num sopro imprevisto
princesa
Tardiamente, mas lido...
ResponderEliminarbeijinho
:))
Mar arável
ResponderEliminarComeço a trabalhar cedo, este momento para dar uma espretadela, já é um intervalo.´
É uma boa forma de começar o dia lendo este belo poema.
Abraço
Quando a poesia se faz palavra!
ResponderEliminarA debandada sobre os jacarandás faz-se sempre em coro.
ResponderEliminare neste movimento são a asa de um sonho. um beijinho, eufrázio.
ResponderEliminarBelissimo!
ResponderEliminar«Les choses visibles peuvent toujours cacher d'outres choses visibles»
Lindíssimos, poema e pintura.
ResponderEliminarAbraço
Meu caro POETA Eufrázio;
ResponderEliminarBelo poema; sublime, profundo, que nos catapulta para um mundo de emoções e nos transporta numa viagem poética muito agradável.
Gostei imenso.
Parabéns.
Um forte abraço.
Lindíssimo este poema de maresia que fala de emoções.
ResponderEliminarAbraço
Há beleza aqui: e eu contemplo!
ResponderEliminarLindoooo
Beijos,
Viajamos a cada verso do teu poema. Parabéns.
ResponderEliminarSimplesmente,
ResponderEliminarmagnifico...
Encontro sempre aqui aquela pureza marina...adoro
Um beijo Eufrazio
gosto muito deste poema! há um encantamento nele, nessa figura alada, como ave ou sereia sem ser ave ou sereia, «a projectar réstias de sol» na memória do silêncio e das marés.
ResponderEliminarabraço.
Em todas as esperas, é da escarpa que ressoam todos silêncios.
ResponderEliminarMuito belo!
Um abraço
Belo, como sempre.
ResponderEliminarAi se também os corpos,e não só as sombras fossem vertebrados.
ResponderEliminarUm abraço,
mário
A sombra do pássaro
ResponderEliminarno cimo dos jacarandás.
Belo!
Abraço!:)
a Palavra poética - corpo do Desejo!
ResponderEliminarbelíssimo
abraço, caro Poeta.
e ainda que de réstias se faça, o sol ilumina e dissipa as sombras.
ResponderEliminarUm abraço.
Engoli as palavras diante de um poema que me elevou do meu lugar-comum para um céu desconhecido repleto de poesia.
ResponderEliminarLindíssimo, soberbo!
P.S
Estou a conhecer o Ary...
O que a palavra
ResponderEliminarleva de vantagem
sobre o lápís
o óleo ou a aguarela
é que
articulada com amor
soa sempre mais bela
sem perder na cor
Um voo no silêncio.
ResponderEliminarbj
E a minha sombra bateu asas!
ResponderEliminarFiat lux! Isso que é propaganda avant la letre, o Criador anunciando a marca de fósforos para quando fossem inventados.
já os cães tinham ladrado tudo...
ResponderEliminartalento e palavras melodiosas.
bom fim de semana!
beij
Não é fácil falar dos poemas de Eufrázio, porque o ex autarca queima pontes, mas digo sem qualquer dúvida que Eufrázio Garcez é um dos poetas míticos da modernidade portuguesa contemporânea, pela intensidade particular da sua obra (quer considerada em conjunto, quer na simples leitura de um único dos seus versos). Os seus poemas são um autêntico cortejo do desassossego. Poeta que reescreve sem cessar, é criador/demolidor de uma gramática peculiaríssima. A infracção regula a pontuação, os padrões são sujeitos à sua consciente desorganização, o fluxo verbal se alastra animalizando o poema. O abalo que a sua poesia provoca é um dos mais intensos que a blogosfera lusa já sofreu. Muito Obrigado!
ResponderEliminarO teu poema é uma flor a enfeitar o meu domingo...
ResponderEliminarQue também tenhas uma prenda hoje!
Um corpo de mulher, quando movido a poesia, tem sempre asas...
ResponderEliminarEufrázio, uma vez mais (de tantas repetidas), as suas palavras, impõem-me o silêncio pacificado que só experimento perante grandes obras, do homem, da natureza; impõem-me o recuo para poder ver o todo, impõem-me o movimento lento dos dedos (aqui a comentar) para que, no toque, não ocorra perturbar o recolhimento dos pássaros, o descanso justo dos cães (tão vivos são neste poema). E aqui fico, (sempre) maravilhada e grata.
ResponderEliminarBem-haja
Mel
Mais um excelente poema.
ResponderEliminarParabéns pelo teu talento poético.
Boa semana, um abraço.
.
ResponderEliminarGostava muito de publicar, se me autorizar, nem que fosse um só poema seu naquele blogue que já conhece e de que Fernando Pessoa, Eugénio de Andrade e alguns outros são "visitas" assíduas :)
Abraço.
Belíssimo poema, amigo! Parabéns!
ResponderEliminarAbraço
é depois dos sons repousarem que as asas se (re)quebram
ResponderEliminare o silêncio se quer verbo.
belo poema!
Um poema onde a emoção se nos agarra à pele com dedos de mulher...
ResponderEliminarUm beijo, amigo.
A serenidade de uma tela perfeita, onde luz, som e cor se conjugam no vértice do bem dizer.
ResponderEliminarUm beijo
Para que o belo seja exaltado.
ResponderEliminarGrande abraço
Chego tarde mas atenta!
ResponderEliminar:)))
depois
ResponderEliminarsoltamos os olhos
e as sombras entrelaçam
laços e dedos
...e os seus poemas!
um abraço
manuela
Das escarpas voam as aves que sonham!
ResponderEliminarSempre o belo nas tuas palavras!
Abraço
Eufrázio
ResponderEliminarMeu amigo é dificil falar de seus poemas, estou a ler e fico de respiração suspensa. Existe um encanto muito especial.
Parabéns.
Beijinho
Sempre belas as metáforas da tua poesia nos mistérios do amor, porque o amor é um mistério...que não se explica.
ResponderEliminarBeijos
Branca
Belíssimo poema, em perfeita conjunção com a imagem de Magritte! Deixo abraços alados e azuis.
ResponderEliminarVelho alaúde!
ResponderEliminarHum... atum bonito?