domingo, 17 de outubro de 2010

FLORES DE ESPUMA

publicado no "Que fizeste das nossas flores"

Um círculo de garças
nem brancas nem esguias
adormecem nos barcos ancorados
com olhos excessivos

Nesta ilha sem vista para o mar

navegam águas improváveis

faúlhas num incêndio

de partículas sitiadas

Aqui paira o aroma da cânfora

em ressonâncias quase divinas

pousam lábios em cálices de cicuta

O mar não é sempre azul

e talvez por isso se agite

nos mapas imaginários

rasgue caminhos

para não se perderem os náufragos

Nesta ilha de bálsamos

onde os destinos se desmentem

afagamos ruínas soltamos hinos

por sobre a memória das pedras

damos voz aos silêncios

até que as garças

se tornem brancas e esguias

como flores de espuma


35 comentários:

  1. Conheço a sensação. Olhar uma ruína tão deslocada quanto eu.

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  2. Não há réplicas possiveis
    ao poema que o é
    só me resta replicá-lo
    se for capaz
    rebocá-lo
    sair daqui e levá-lo atrás
    para tentar
    dar
    voz aos silêncios
    até que as garças
    se tornem brancas e esguias
    como flores de espuma

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  3. Encantado com esta ilha de bálsamos,
    onde as coisas ainda parecem ter o nome original...

    Abraço

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  4. Eu leio a nostalgia das impossibilidades. Mas tão pequenos são os meus olhos! Talvez nem saiba ler ainda...

    Um abraço

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  5. Meu querido Poeta
    E eu naveguei em silêncio nas tuas palavras.

    Beijo
    Sonhadora

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  6. Caro Eufrázio;

    Belo poema, onde a sensibilidade do poeta se projecta numa beleza contemplativa, que me "obrigou" a fazer uma viagem amplamente agradável.
    Gostei bastante.
    Um forte abraço.

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  7. Que jamais se deixe de dar voz aos silêncios.
    É preciso emergir da espuma dos dias.

    Um abraço

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  8. é sempre tão BOM




    ler aqui o homem que é.



    obrigada. E.



    forte ABRAÇO.



    IMF.

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  9. Silêncios...
    um mar

    de silêncios
    e flores de espuma!

    Belo.
    Abraço. :)

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  10. afagar ruinas e caminhar.
    até a voz do silêncio se fazer eco.

    e flores de espuma enfeitem donairosas garças.

    enorme Poeta. que és.

    abraço

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  11. E assim termina uma viagem de flores sempre a renascer...de afectos, porque o "Que fizeste das nossas flores" é também um fruto de todos os marea percorridos, um jardim plantado nas águas, onde se agitam novos caminhos.

    Um abraço
    Branca

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  12. Gosto, sempre.

    Um dia roubo-lhe palavras, palavra!
    :)
    Bjos*

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  13. Salve, poeta!
    O mar, sempre o mar! Sou fascinado pelo mar, entro em delírio diante do mar.
    Grande abraço.

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  14. sensivel e muito bom

    e daremos vozes e cantos aos silencios.

    um beij

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  15. Não há destinos certos num mar nem sempre azul e cercado por uma ilha...
    Abraço.

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  16. ...E da espuma dos dias, da imensa capacidade criativa e da verve brotem os poemas.

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  17. Que "rasgar caminhos para não se perderem os náufragos" e "dar voz aos silêncios" não façam parte do domínio do improvável.
    Gostei muito da atmosfera deste poema. Como diria uma amigo: é uma grande viagem! :)

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  18. É fundamental dar voz aos silêncios e que as garças voem em círculos ao aroma das cânforas... em mapas imaginários!

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  19. "... e o mar não é sempre azul" - na flores que guardam memórias da espuma dum tempo... parabéns, pelo poema...
    Abraço
    Chris

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  20. Não , nem sempre o mar é azul. Por vezes é verde... e branco... e negro...

    Mas uma fascinante maravilha sempre.

    Bom dia.

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  21. é caso para dizer que também as palavras têm uma memória de pedra. um beijinho, eufrázio*

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  22. Belíssima poesia pode ser lida neste espaço.
    Congratulo-me por isso.
    Um abraço

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  23. O mar tem a cor dos nossos olhos e o silêncio que o coração reclama.
    Belo poema. Um beijo, amigo.

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  24. Brancas flores a esvoaçar sobre as águas...
    salpicos de espuma
    um bj

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  25. Para começar, uma bonita imagem.
    Depois, é mesmo preciso devolver às garças a graciosidade e a pureza.

    Bjins

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  26. Todo o poema é uma paisagem. De incêndio e de espuma. Que bonito!

    Abraço, Poeta.

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  27. Muito bem feita a relação
    imagem - texto.

    Demais seu blog.

    Abrçs


    João;

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  28. Tão bonito o versejar!

    Certamente faria uma bela tela por pintar!

    ADOREI, como sempre!

    Bom fim de semana.
    Bjs.

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  29. O mar permite sensações absolutas. na tua ilha...ou na tua encosta.

    Deixo-te uma abraço.

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  30. Mar, peço permissão para publicar este poema nos meus "tesouros".
    beijo meu.

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