sábado, 23 de outubro de 2010

O PÃO CRESCEU NAS NOSSAS BOCAS

publicado no "Para lá do azul"

Ver-te assim tão indecifrável
nos contornos e nas arestas
ancorada nas marés
em chama viva
a entrar pela casa vazia
sem desistir dos silêncios
a resistir mesmo quando doem
os passos e as pontes
fez-me pedir ajuda
a um cântaro de água fresca
às pedras que cantam e tropeçam
nos pés das videiras
Foi assim que nos despimos
e vindimámos
para os barcos cumprirem
o seu efémero destino
As uvas morreram nas tuas mãos
mas o pão cresceu nas nossas bocas


41 comentários:

  1. Meu querido Poeta

    a entrar pela casa vazia
    sem desistir dos silêncios
    a resistir mesmo quando doem

    E por vezes como doem

    Beijinhos
    Sonhadora

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  2. Da aparente simplicidade da vida e das palavras. Da profunda beleza!

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  3. poesia com sabor e aroma a mosto a uva e outono.

    se algo morre para dar lugar ao pão, que assim seja.

    gostei muito deste poema

    um beij

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  4. Ás vezes, assim é: precisamos de perder e de nos despir para que se possa cumprir um destino maior. E não me escapou o plural usado pelo poeta: o apoio e a presença dos Outros é uma condição essencial à transformação.

    Obrigada e bom Domingo!

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  5. Levo-o para ler,também,aos bichos.
    Um abraço,
    mário

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  6. Delicioso poema!
    Um despertar dos sentidos numa tela que apetece beber... e entornar!

    Este saciou-me o corpo e a alma!

    Parabéns!

    Beijinho

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  7. Belíssimo!
    Quando o pão e a água são a fome e a sede e tambem o amor.

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  8. Pão a crescer na boca é do que precisam centenas de milhões.
    Abraço

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  9. Caro Eufrázio;

    Poema de excelência, onde as palavras vagueiam num imaginário dolente e terno.
    Gostei imenso.
    Um forte abraço.

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  10. Sempre um prazer ler-te!

    "sem desistir dos silêncios"


    Beijo e bom domingo.

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  11. Não.
    O pão não cresceu nas nossas bocas
    mas sei o porquê dessa ilusão
    as boca apequenaram
    fazendo parecer maior o pão

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  12. em meio das marés e das dores, não desistir do silêncio, encontrar a »água fresca», a vindima, ao amor, para que a vida se cumpra e o pão cresça.
    fabuloso poema, de esperança e fé no amor como impulsor de vida e destino humanos. belíssimo!

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  13. Excelente poema. Gostei imenso.
    O final é um achado poético.
    Boa semana.
    Um abraço.

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  14. "Indecifrável"....mas perceptível
    "Sem desistir dos silêncios"...
    ...silenciando
    "Fez-me pedir ajuda"...ao cão de barro
    "às pedras que cantam e tropeçam"...
    ...juntei um cristal
    E, para "ver-te", ...
    ...entrei
    pela casa dentro
    cheia de luz e caminhos
    "indecifrável"...mas provável
    exibi o meu sentimento
    o meu apreço!

    princesa

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  15. sublimes palavras
    marcadas no sentimento indelével
    de por quem cá passa

    cumprimentos

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  16. do pão. e do mosto...
    e do fermento das palavras
    belas.

    abraços, Poeta

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  17. Das mãos e das bocas, a fértil colheita de todas as marés!

    Especialmente belo...

    Um abraço

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  18. ________________________________


    ...e todas as fomes foram saciadas!

    Muita intensidade em seus versos... Versos que a alma sente!



    Beijos de luz e o meu carinho!!!

    ______________________________

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  19. palavras belas, e se as uvas morrem, para renascer o pão nas bocas,que assim seja.

    beij

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  20. Tus poemas me llenan de sensibilidad.
    Besos para ti y todo mi cariño.
    mar

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  21. Agora não há fome nem sede por saciar... Sempre as palavras certas para falar de amor.
    Um beijo.

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  22. Mais um poema lindo, lindo.

    Um abraço para ti.

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  23. No (re)encontro do essencial nos saciamos...
    Gosto sempre!

    Abraço

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  24. Estas são palavras para ler e sentir.
    Belas como sempre, deixam as emoções à solta...
    Dizer que gostei é repetir-me... mas insisto.

    Beijo

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  25. gostei muito, eufrázio. a tela acima é lindíssima! e o poema assenta-lhe bem :) um grande beijinho*

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  26. Sempre aquela simplicidade nas palavras-vida, extravasando ternura e sentido, com imagens plenas de harmonia e significado - uma sinfonia maravilhosa, amigo!
    Abraço


    PS: Há algumas alterações nos meus blogues (agora são três) - agradeço sua visita e actualização.

    Na minha galeria de selos, indiquei este seu Blogue para o prémio "Dardos" - espero que aceite este mimo que, sinceramente, acho bem merecido.

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  27. Estimado Joaquim do Carmo

    Grato pelo gesto simpático
    solicito-lhe que me permita
    não aceitar exibir mais esta medalha.
    Creia-me grato
    Abraço

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  28. Passei para conhecer seu blog
    Me encantei...
    Se permites, aqui voltarei sempre.
    Te sigo com carinho

    Preciosa Maria

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  29. "Ver-te assim tão indecifrável
    nos contornos e nas arestas
    [...]fez-me pedir ajuda
    a um cântaro de água fresca..."

    quem, além do senhor, seria capaz de encontrar ajuda na simplicidade de um cântaro? e, humildemente, pedir-lhe a ajuda?...
    por estas e por outras, não me canso de repetir: do mais singelamente belo que conheço, o seu canto.

    bem-haja, Eufrázio. e mil obrigadas por me ter depositado este livro em mãos e, dessa forma generosa, possa eu, livremente, beber desta poesia límpida.

    Fraterno abraço
    Mel

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  30. E tem as palavras que são palavras-comida.
    Alimento da alma, da pele e do que mais for vida.
    Cheguei aqui e fui bem servida!
    Obrigada pelo banquete estelar!

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  31. Belíssima imagem, esta, da humildade e da partilha feitas pão.

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  32. Caro amigo
    Alegra-me que tenha ficado agradado com o meu gesto, em especial porque, com ele, apenas pretendi mostrar o quanto aprecio seus escritos.
    Isso me basta, pode crer!
    Abraço

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