Se o Verão fosse um rasto de luz
com vida por dentro
um livro aberto sem repouso
alguém teria de lhe rasgar o ventre
mas o Verão é apenas sol
a queimar o que resta do pasto
tresmalhado pastor
rebanho sem memórias
um cão que dorme
à sombra do cajado
Que importa o Verão
se o teu corpo é de tempestades
e até parece que há sempre algo
que me pertence em ti
só de pensar
a pedra sobre a pedra
o verso e o anverso
Que importa o Verão
se o sol queima
e os cães ainda não acordaram
as sombras que ladram
estateladas
no outro lado do silêncio
Assim é o poema: a gente olha e vê as próprias experiências transpostas em versos. E o amor tem suas próprias estações, eis o que fica evidente!
ResponderEliminarAbraços,
Tânia
gostei muito deste verso final. é uma imagem fortíssima e bela. um grande beijinho.
ResponderEliminar...que importa o verão se o sol queima.
ResponderEliminarBonito poema e casa muito bem com a imagem.
Que bela ilustração!
ResponderEliminarQue excelente
entrelace de palavras!
Desta uma vez
deste lado do silêncio
a sua criatividade
relembra-me o Alentejo
Os 44 graus à sombra
As trovoadas secas
Os cães dos pastores
Tantos odores
Tantos amores
Os cajados
de quem
cuidadosamente
me esculpiu
Os afectos
e os teus versos!!!
Mais uma vez
Parabéns!
princesa
Ontem não consegui comenar aqui mas voltar a ler trouxe me, de novo, o gosto por cada palavra e a ternuro desse "outro lado do silêncio".
ResponderEliminarSem palavras, mais uma vez.
ResponderEliminarAbraço
"Um livro aberto sem repouso". De facto, esta imagem não se aplica ao Verão. Aplica-se à própria Vida.
ResponderEliminarBonita reflexão sobre o "anverso" do Verão e das coisas. As imagens condizem com rigor.
ResponderEliminarParabéns.
"mas o Verão é apenas sol
ResponderEliminara queimar o que resta do pasto"
Imagens fortes que nos remetem a espaços físicos e mentais que não sabemos ou não queremos desbravar.
L.B.
"Quanto mais estendermos nossas mãos ao próximo... mais Deus se aproximará de nossas mãos. "
ResponderEliminarBom fim de semana
Bjs
Este teu Verão é belíssimo.
ResponderEliminarA ideia de esculpir a harmonia das formas é tão sublime quanto os versos que a enquadram.
Um abraço
Mar arável
ResponderEliminarVim matar saudade
Um beijo
tórrido Verão. no anverso da Palavra - corpo do Desejo.
ResponderEliminarbelíssimo, Poeta!
abraços
Com esta ilustração
ResponderEliminaras mesmas palavras
transportam me
para outros silêncios
para outras memórias
que
silenciosamente
quebram
cada instante
e projectam o futuro
nascido dum
longínquo passado
num presente
de estrelas escondidas
até que
o amanhecer
aconteça.
princesa
no outro lado há um silêncio sim... e talvez ele seja maior no verão!
ResponderEliminarforte... gosto
um abraço
luísa
porque tudo muda dependendo de que lado se olha... sempre mágico o olhar das palavras e imagens tão bem "casadas".
ResponderEliminarbeijinho
Estas palavras bonitas lembraram-me outras de Eugénio de Andrade. Tome-as como um elogio.
ResponderEliminarO SILÊNCIO
Dai-me outro verão nem que seja
de rastos, um verão
onde sinta o rastejar
do silêncio,
a secura do silêncio,
a lâmina acerada do silêncio.
Dai-me outro verão nem que fique
à mercê da sede.
Para mais uma canção.
Eugénio de Andrade, Rente ao Dizer, 25
:)))))
Do outro lado... o eco queimado, do que resta do pasto.
ResponderEliminarUm abraço
Todos temos os nossos muros de silêncio...
ResponderEliminarBjos
Vim à tua encosta, espreitar o outro lado do silêncio...névoas, sonhos, desejos e luzes.Belo.
ResponderEliminarAbraço
Belo! Muito!
ResponderEliminarBebo as palavras e faço-me ao mar...
Beijos.
Existem textos, estimado Eufrázio, que nos impõem o silêncio, e onde nos quedamos, vezes a fio, em leituras sempre renovadas. Este é um deles, tão profundo se revela ao meu olhar.
ResponderEliminarBem-haja, meu amigo.
Fraterno abraço
Mel
Tanto dizem as imagens... O poema reflecte-as como o sol reflecte o Verão. Mas é verdade, o Verão é apenas uma estação da vida. Por vezes é a vida que passa ao lado do Verão e nem vemos que o Sol nem sempre brilha com a mesma intensidade para todos. Alguns recebem-no no silêncio da sua sombra.
ResponderEliminarBonito poema.
Para o comum dos mortais o Verão é pausa, simplesmente, mas também esquecimento. Por um momento consegue-se colocar, para lá da cortina, a condição de refém, activar a sensação cinéfila de liberdade. Mas o Verão é efémero. E a inquietação dos dias, paciente, espera pelo protagonismo. Que é já a seguir.
ResponderEliminarAbraço
Quantos dos nossos silêncios são raivas ao contrário...
ResponderEliminarMuito belo, poeta!
neste lado nunca há silêncio. antes palavras que desafiam e nos desfiam e falam e nos requestionam.
ResponderEliminare é sempre bom regressar a este mar!.
sempre.
beijo.
abraço.
sempre.
(piano)
As sombras, o sol, o silêncio. A trilogia de nós.
ResponderEliminarLindo
Bj.
Ler o teu poema depois deste dia tórrido...
ResponderEliminarFoi bom...
Beijos
Na lapidação do tempo tudo se torna perfeito... lentamente...
ResponderEliminarUm abraço
Chris
Belíssimo Verão este teu.
ResponderEliminarSaudades.
Essse outro lado do silêncio e essas imagens belíssimas.
ResponderEliminarBeijo.
Tanto dito nesse silêncio...
ResponderEliminarBeijinho*
"mas o Verão é apenas sol
ResponderEliminara queimar o que resta do pasto
tresmalhado pastor
rebanho sem memórias
um cão que dorme
à sombra do cajado" ...
Muito bom!
Abraço.
de facto ,que importa o verão se ao mesmo se segue ,ininteruptos e iguais ,o outono ,o inverno e a primavera no "outro lado do (nosso) silêncio"?
ResponderEliminar.
um beijo
Uma visão interessante do Verão, feita através de um excelente poema.
ResponderEliminarParabéns pela qualidade poética que é bem patente nas tuas palavras.
Abraço.
É no outro lado do silêncio que o mundo se desenrola queimado pelo Sol que as sombras não conseguem esconder...
ResponderEliminarIsso é de ler e reler e reler...
ResponderEliminarParabéns!
Abração.
Foi preciso rasgar este verão e este silêncio, para chegar aqui ainda a tempo do poema...
ResponderEliminarMuito bom!
Abraço