sábado, 22 de agosto de 2009

O PÃO CRESCEU NAS NOSSAS BOCAS


Ver-te assim tão indecifrável
nos contornos e nas arestas
ancorada nas marés
em chama viva
a entrar pela casa vazia
sem desistires do silêncio
a resistir mesmo quando doem
os passos e as pontes
fez-me pedir ajuda
a um cântaro de água fresca
às pedras que cantam e tropeçam
nos pés das videiras

Foi assim que nos despimos
e vindimámos
para os barcos cumprirem
o seu efémero destino

As uvas morreram nas tuas mãos
mas o pão cresceu nas nossas bocas

28 comentários:

  1. Um adeus, onde abre-se mão dos sonhos, para ficar com "o pão nosso de cada dia"?
    É... a morte é um efémero destino. E casa sempre será vazia, as uvas sempre morrerão e o pão azedará nas nossas bocas.


    Adoro viajar nos seus versos! :)

    bjs

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  2. Olá, querido flaneur...
    Belo poema, lembrou-me um amor que tenho...
    Beijos.

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  3. "O que é bonito neste mundo, e anima, é ver que na vindima de cada sonho fica a cepa a sonhar outra aventura. E que a doçura que não se prova se transfigura noutra doçura muito mais pura e muito mais nova."
    Miguel Torga.
    ............
    Belo!
    Bj.

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  4. - Então Eros? Isso avança ou precisas de ajuda cá do rapaz?

    - Ao largo Dionísio! Não manches de carrascão, a alva toalha onde dividimos as vitualhas do nosso puro amor.

    - Não te amofines Eros! Já não está cá quem falou que vou pregar para outra freguesia...

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  5. Eufrázio,

    Li e senti este lindíssimo poema, como sendo a parte II do 'a casa vazia' ...

    É bela a sua escrita.

    um abraço e um sorriso :)
    mariam

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  6. Que belo. E se não passearam depois sobre as vinhas vindimadas é porque outros pães foram mais importantes nas vossas bocas. O meu bravo para a sua poesia meu caro Eufrázio.

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  7. ...como só os poetas o dizem.


    Beijos, boa semanita de ainda verão.

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  8. Meu amigo, considero este um dos mais bonitos poemas que nos ofereceste até hoje!

    Um grande abraço.

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  9. Para cada morte, um renascimento porque tudo é efémero.

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  10. Assim se vindimam palavras intensas, providas de sentido.
    bj
    Chris

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  11. "As uvas morreram nas tuas mãos
    mas o pão cresceu nas nossas bocas".

    Lindos versos. Bela construção poética, Eufrázio.

    Obrigada pela visita ao Novidades & Velharias. Navegarei mais vezes pelas águas de seu espaço.

    Abraço caloroso,
    H.F.

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  12. ancorados nas marés

    somos espuma
    mas saciamos as areias
    onde cumprimos destinos.

    das uvas
    fica o paladar
    a molhar os silêncios

    ______

    das minhas mãos a irreverência das marés

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  13. De como o pão pode crescer nas nossas bocas. Muito belo poema.

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  14. momentos sublimes. em que a vida se faz poesia...

    ... momentos que os deuses invejam! por tão luminosos.

    belíssimo, Poeta!

    abraço. forte

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  15. Belo poema que no final me soube a beijos com sabor a mosto...
    :))

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  16. "o pão cresceu nas nossas bocas"
    Belíssimo! contém tudo quanto o sentimento é capaz de pressentir.
    Beijos.

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  17. Estimado Amigo,

    Simplesmente belo!
    São as palavras que asolam o meu pensamento depois de te ler.
    Quem sente assim só pode possuir uma alma especial.

    Um especial abraço amigo,

    Maria Faia

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  18. hum.......
    Que extraordinário poema !
    Sinceros parabéns. É belíssimo.

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  19. Mar Arável,
    que lindo...o pão, as uvas, esse sentimento...voltar aqui é um presente

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  20. nem sei o que dizer deste poema.
    Que o senti profundamente é uma tentativa válida.
    puro.

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