A minha escarpa tem uma janela para o vento entrar de preferência com relâmpagos.
Quando troveja inconformado abro a porta que dá para o alpendre e os Serra da Estrela vertiginosos avançam amedrontados.
Aninham-se nos tapetes da sala.
De alma lavada e farto pêlo,entram casa adentro, sacodem-se vivificam as paredes onde me acompanham um óleo de Kiki Lima outro de Albino Moura, pratos alentejanos, uma falua em casca de ostra, uma estatueta da Papua Nova Guiné, o velho relógio de pêndulo, um poema de Eugénio de Andrade.
Quando o sol se esconde, troveja e os céus se derramam, a minha escarpa alumia-se.
Os Serra da Estrêla deitam-se e ressonam nos tapetes até eu pegar no sono e acordar a fazer poemas ou quase nada.
Lá fora imperturbável (e)terno a dizer coisas improváveis - o meu cão de barro - resiste em vigília ao tempo que faz.
eufrázio filipe
Seja homem ou bicho,
ResponderEliminarquem tiver um coração
a bater no peito
sente medo,
~sente alegria e deseja
ouvir a voz de quem o ama,
quando o tempo ruge e amedronta até o mais forte.
Abraço em tempo outonal, Poeta.
Adorei a fotografia.
ResponderEliminarNem de "ferro"...lol
.
Cumprimentos
Adorei o texto!! :)))
ResponderEliminar*
Pensamentos confinados...
*
Beijos, e uma excelente noite
De barro ou de carne, osso e pêlo os cães resistem e ajudam-nos a resistir!
ResponderEliminarLindo o texto.
Abraço
Abraço, Eufrázio!
ResponderEliminarQuase surrealista, pleno de sentido...maravilhoso!
ResponderEliminarAcompanho-te nesse ímpeto!
Beijinho
De barro? Um Estrela, sempre!
ResponderEliminarExcelente prosa, meu caro Eufrázio.
Grande abraço
Não estão os animais isentos de alguns tormentos humanos. Só cães de barro resistem a uma vigília em meio à tempestade. Abraço.
ResponderEliminarOs cães amedrontam-se com os relâmpagos que tu tanto gostas e procuram refúgio junto a ti para que os protejas. Lindo poema de uma realidade do quotidiano...
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde, meu Amigo.
Um beijo.
Um texto maravilhoso. Todos os teus câes são leais companheiros.
ResponderEliminarAbraço fraterno
A trovoada é uma explosão da natureza. E, no texto, é sentida de um modo peculiar por todos os personagens.
ResponderEliminarPoema inspirado e inspirador.
Beijo.
Boa noite,
ResponderEliminarUm ambiente familiar muito acolhedor para os Serra da Estrela se sentirem confortáveis. Eles próprios são o poema.
Beijinhos,
Ailime
Nunca pensei que os Serra da Estrela temessem a trovoada; cá para mim eles querem é tomar conta do dono ;)
ResponderEliminarFiquei a pensar qual será o poema do Eugénio...
Bom fim-de-semana.
🐕