quarta-feira, 26 de junho de 2019

AREIA POR ENTRE OS DEDOS






Descalço corri
desertos marés palavras e ventos
só para te ver
formosa duna

estavas de vigília em vão
colar de limos ao pescoço
quase vegetal nas areias

O mar já tinha invadido
os teus barcos mais restritos

a luz ardia na praia
os nossos barcos preferidos

Descalço corri
só para te ver
formosa duna

estavas a dormir silvestre
no chão das memórias
areia
tão livre de fronteiras
por entre os dedos


eufrázio filipe


12 comentários:

  1. Enquanto o vento fustigou a duna, a poesia fez-se ao caminho.

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  2. São sensuais, as dunas, mas efémeras, às vezes, ou não escorregue a areia por entre os dedos... Por isso, ansiamos!
    Voltei mais cedo do que o previsto! A inspiação é caprichosa!

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  3. Areia que se vai escoando sem deixar rasto.

    Belo poema, caro Eufrázio.

    Abraço

    Olinda

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  4. Por entre dedos passou a toada
    do roçar de sílabas
    que o Poeta colou, não sei
    onde nem como,
    se a coberto da noite
    ou no desvão do porto.
    Sei que não foi em vão
    que a duna se fez
    d'algas arredondada
    para a boca dizer.

    Abraço

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  5. As dunas tão amadas pelo vento e pelas marés. As dunas que o Poeta estremece com palavras "no chão das memórias" como se fossem sonhos dispersos…
    Uma boa semana, meu Amigo.
    Um beijo.

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  6. As dunas, levadas ao vento, deixam na memória a beleza livre e luminosa... Metáfora dos afetos...

    Abraço,
    Genny

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  7. Acorda! Acorda, a vida não é feita dessa gente, de A a Z, acorda! A vida são árvores de fruto e as que nos dão oxigénio, água potável, insisto, água potável, não haverão animais, estão em extinção, acorda, de A a Z são todos iguais, ignoram o futuro, querem ouro branco, o Litium, acorda, vão dar cabo da nossa natureza, da nossa água, de A a Z, acordem, os cientistas dizem que em 2050 não temos mundo e não há plano B, não há escapatória, terei 80 anos, mas há as crianças de agora que têm direito à vida, não a minha que já a vivi, a deles, acordem, de A a Z, acordem.

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  8. Um poema de amor lindíssimo sublimemente metaforizado.
    Beijinhos,
    Ailime

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  9. Gostei da força e beleza deste "colar de limos".
    Beijo.

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  10. A duna só é livre e bela se tocada por poetas!

    Beijo.

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