quarta-feira, 14 de novembro de 2018

VIGÍLIA AO IMPROVÁVEL





Quando te despiste em flor
e revelaste a nudez
já despontavam as camélias

não por dádiva dos céus
na vertigem das sombras
muito menos porque o mar
se ergueu
num sussurro de azuis

tão só depurada
trazias gestos musicais
a noção de um rio
que se demora nas margens

Quando te despiste
quase inocente
numa povoação de sílabas
não desnudaste
o mais íntimo da pele

ficaste em vigília ao improvável
tão perto dos mastros
onde dardejam pássaros
e profanam metáforas


eufrázio filipe

18 comentários:

  1. Muito bonito Eufrázio :)
    A imagem para além de ser fantástica, casa na perfeição com o seu poema.
    Fica um beijinho com estima e amizade :)

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  2. A nudez associa-se normalmente à revelação simples, mas aqui ela é bem complexa e nem sempre esclarecedora: "não desnudaste / o mais íntimo da tua pele".A nudez costuma ser também a verdade, acerca da nudez há muito a dizer...
    Não sei se interpretei bem um pouco do poma, mas o que me ocorre...
    Que o resto da semana seja bom.

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  3. Há vigílias assim, embora raras...
    Excelente poema, nada improvável vindo de ti.
    E foto muito bem escolhida.
    Caro Eufrázio, continuação de boa semana.
    Abraço.

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  4. Uma vigília cheia de encanto e beleza. A imagem é fantástica.
    Abraço e bom fim de semana

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  5. Um rio que se demora nas margens, sem pressas e perene.

    Abraço

    Olinda

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  6. Aplaudo os versos e a imagem.
    "ficaste em vigília ao improvável
    tão perto dos mastros
    onde dardejam pássaros
    e profanam metáforas"
    Soberbo!
    Abraço.

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  7. Nudez? Temos a verdade em estado puro.

    Abraço.

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  8. Que poema tão lindo
    Maravilhoso
    Adorei!
    Obrigada por partilhar
    Beijinho

    ** Novo Capítulo de Um Oceano entre nós

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  9. A nudez. A inocência. A proximidade dos mastros. A profanação das metáforas…
    Tudo dito por quem percebe de palavras e silêncios…
    Uma boa semana, meu Amigo.
    Um beijo.

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  10. Fico sempre dividida entre uma leitura literal ou metafórica.
    Neste caso prefiro a literal!

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  11. Poesia tão cheia de povoações metafóricas, que as palavras ficam vazias. De ciúme.
    Belíssimo, EF
    Beijinho

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  12. Há na vigília a aproximação ao sagrado que despido resguarda inocência improváveis. Pétala a pétala.
    O Poeta, exímio, foi desnudando sem manchar a flor.

    Abraço.

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