Quando te despiste em flor
e revelaste a nudez
já despontavam as camélias
não por dádiva dos céus
na vertigem das sombras
muito menos porque o mar
se ergueu
num sussurro de azuis
tão só depurada
trazias gestos musicais
a noção de um rio
que se demora nas margens
Quando te despiste
quase inocente
numa povoação de sílabas
não desnudaste
o mais íntimo da pele
ficaste em vigília ao improvável
tão perto dos mastros
onde dardejam pássaros
e profanam metáforas
eufrázio filipe
18 comentários:
Muito bonito Eufrázio :)
A imagem para além de ser fantástica, casa na perfeição com o seu poema.
Fica um beijinho com estima e amizade :)
A nudez do tempo...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
A nudez associa-se normalmente à revelação simples, mas aqui ela é bem complexa e nem sempre esclarecedora: "não desnudaste / o mais íntimo da tua pele".A nudez costuma ser também a verdade, acerca da nudez há muito a dizer...
Não sei se interpretei bem um pouco do poma, mas o que me ocorre...
Que o resto da semana seja bom.
Há vigílias assim, embora raras...
Excelente poema, nada improvável vindo de ti.
E foto muito bem escolhida.
Caro Eufrázio, continuação de boa semana.
Abraço.
Uma vigília poética bela.
Beijinhos,
Ailime
Uma vigília cheia de encanto e beleza. A imagem é fantástica.
Abraço e bom fim de semana
Um rio que se demora nas margens, sem pressas e perene.
Abraço
Olinda
Aplaudo os versos e a imagem.
"ficaste em vigília ao improvável
tão perto dos mastros
onde dardejam pássaros
e profanam metáforas"
Soberbo!
Abraço.
Nudez? Temos a verdade em estado puro.
Abraço.
A inocência camuflada na sua nudez
Que o improvável seja de acolher.
Sem pressas, um belo poema...
Beijo
Que poema tão lindo
Maravilhoso
Adorei!
Obrigada por partilhar
Beijinho
** Novo Capítulo de Um Oceano entre nós
A nudez. A inocência. A proximidade dos mastros. A profanação das metáforas…
Tudo dito por quem percebe de palavras e silêncios…
Uma boa semana, meu Amigo.
Um beijo.
Um poema de beleza rara e quase pura.
Bj
Fico sempre dividida entre uma leitura literal ou metafórica.
Neste caso prefiro a literal!
Poesia tão cheia de povoações metafóricas, que as palavras ficam vazias. De ciúme.
Belíssimo, EF
Beijinho
Há na vigília a aproximação ao sagrado que despido resguarda inocência improváveis. Pétala a pétala.
O Poeta, exímio, foi desnudando sem manchar a flor.
Abraço.
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