quinta-feira, 11 de outubro de 2018

FOLHAS PERSISTENTES


                                                            magritte



Celebro no mais íntimo da pele
a exuberância aprumada
da árvore ao fundo
quando acorda a cantar
e adormece com os pássaros
no outro lado do cais

quando desperta no deserto
esculpe grãos de areia com rosto
e se levanta nas dunas
contra o vento

celebro os contornos da luz
as esquinas e os becos
no rasgo lúcido de um traço
quando se desnudam na tela
espaços em branco
mãos vertebradas por todo o corpo 

frutos silvestres
folhas persistentes
a vasta sede


eufrázio filipe

12 comentários:

  1. Celebração da vida!
    Gosto imenso da imagem que acompanha (e muito bem) o belo poema.
    Um abraço

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  2. Celebrar a vida a despontar da Natureza.

    Um grande abraço

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  3. Realmente, a sede é vasta e por mais que o poeta a tente mitigar, não o abandona quase nunca, mesmo quando não faz versos.
    E como ele anseia beber!
    Saudações da Lua Azul

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  4. A sede que só a boa poesia consegue saciar.
    Beijinhos,
    Ailime

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  5. Poema belíssimo, meu amigo!
    Celebra o poeta e celebro eu - a vida e a poesia!
    Beijo e bom domingo.

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  6. "A vasta sede". Procura-se uma árvore ou uma fonte, ou o brilho aguado de um incêndio… O teu poema é lindíssimo!
    Uma boa semana, meu Amigo.
    Um beijo.

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  7. Caro Eufrázio, um poema singular, do qual gostei muito.
    Uma boa semana.
    Grande abraço
    Pedro

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  8. No "rasgo lúcido do traço" emerge a incessante sede. Tão belo!

    Beijo.

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  9. O Poeta diz celebro.
    Bastou o verbo e o tempo para que tronco e folhas a corressem para que a poética se reconhecesse.
    O desafio e a festa, porque é "vasta a sede".
    Abraço.

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