Na alquimia do tempo que faz, há sempre um albatroz que atravessa as arcadas da memória, desfaz-se em gestos de ternura, dissolve-se no pôr-do -sol, invade-nos o sonho, passo a passo.
- Desejo que germines em vagas nas arribas, que rebentes a marulhar no labirinto das areias.
- Desejo que nunca encontres marinheiros cegos, muito menos na esquina das palavras a apascentarem barcos prateados com mãos incompletas. Desejo ficar aqui no perfume dos limos, mesmo que as vagas só despertem por sobre os restos do último naufrágio.
- Sejamos navegantes desgrenhados contra todos os destinos.
- As melhores viagens acontecem sempre antes da partida e no regresso. No ciclo das marés. Só assim consigo partilhar o ardor das velas do nosso mar.
- Pareces a ministra que conheci no dia da remodelação do governo.
- Meu amor rema.
- Não consigo dormir.
- Vamos fazer amor?
- Só nos espelhos.
- Hoje não estou a gostar do modo como os espelhos nos olham. Este rio está uma sopa. Ressoa brando nas fissuras das pedras. Repara como a praia deserta se amontoa de areias sem abrigo.
Inesperadamente um albatroz poisou majestoso aos nossos pés. Fixou-nos com olhos vivos e perguntou-nos baixinho num afago de asas - de que cor são os meus olhos - e tu não soubeste responder.
- Apetece-me viajar ainda mais . Porque não vamos ao Bugio?
Construímos um barquinho de papel e partimos ao sabor da brisa.
Lá estava sentado nas águas do rio, imponente, coluna na vertical e sereno. Sábia fortaleza, sempre alerta, - hoje um farol a piscar os olhos no estuário do Tejo, como nós, ilhas adjacentes.
- Vamos fazer amor?
- Ainda não disseste a cor dos meus olhos.
Eufrázio Filipe
Teu poema
ResponderEliminarparece um conto
Teu conto
parece um poema
Seja e que seja
o Bugio
está do meu lado
e da minha janela
vejo tudo
até a cor dos olhos
que ela não referiu
Ao sabor do vento construíste um barco de papel e foste com ele até onde o pensamento te permitiu... Um albatroz te guiou...
ResponderEliminarUma boa Páscoa.
Um beijo.
Simplesmente maravilhoso o seu poema em versos de fascinação.
ResponderEliminar.
* Mulher: A essência sem raça nem cor. *
.
Desejando um abraço
Ás vezes, não é preciso dizer... Basta simplesmente olhar....
ResponderEliminarLindo...
Beijos e abraços
Marta
Adorável!!
ResponderEliminarBeijinhos
Havia pertinência da pergunta.
ResponderEliminarSó não sabe dizer a cor dos olhos
quem nunca olhou bem dentro deles
até esvaziar a alma de todo o negrume
aí vemos que os olhos só podem ser
da cor do Mar, oh Mar!!!
.
ao sabor do vento
ResponderEliminare de um barco de papel
tudo é possivel
no sonho do Poeta
boa páscoa
beijinhos
:)
Lindo, lindo!
ResponderEliminarPassei para desejar Santa Páscoa, com alegria, amor e... muitos barquinhos de papel!
Abraço.
Ótimas viagens, Amigo, num barco luminoso, bem acompanhado e rodeado de pássaros azuis...
ResponderEliminarDias felizes.
Abraço.
~~~
Será que ainda não tinha olhado nos olhos, ou há coisas que se dizem sem palavras?
ResponderEliminarConvidamos-vos a ler o capítulo VII do nosso conto escrito a várias mãos "Voar Sem Asas"
https://contospartilhados.blogspot.pt/2018/03/voar-sem-asas-capitulo-vii.html
Votos de Feliz Páscoa!
Saudações literárias
Uma boa Páscoa para si, Mar Arável:)
ResponderEliminarUm beijo:)
Bela postagem! Parabéns!
ResponderEliminarFELIZ PÁSCOA
Autor: Laerte Sílvio Tavares
Que a luz da ressurreição
De Cristo Nosso Senhor
Brilhe no teu coração
E se refrate em amor,
Permeando a tradição
De fé, a dar esplendor
Às festas pascoais que são
Frutos da Paixão e dor
Transformadas em alegria
De Madalena, Maria
E de toda a humanidade!
Feliz Páscoa, pela via
Do amor – nossa luz e guia
Na fé e na caridade!
Tudo de bom. Abraço. Laerte.
Tão bom na prosa poética!
ResponderEliminarBeijo
Voltarei...
ResponderEliminarHoje, passo de leve para desejar um bonito domingo de Páscoa.
Bjinho docinho
Num barco de papel
ResponderEliminarAo sabor da ventania
serão olhos cor de mel?
Ou do tom da ousadia?
Adorei o teu texto ao sabor da maré. Boa semana e beijos com carinho
Ai poeta, que maravilha ! Beijinhos
ResponderEliminarUm belíssimo poema,
ResponderEliminarde presente,
tempo infalivel de se ser
- desejo -
tempo de navegar
mesmo os cegos marinheiros
de rotas nas mãos,
cordas, leme e velas e
mastro a pino.
Parabéns, muito bom!
Abraço.
Um diálogo poético tão belo, Poeta!
ResponderEliminarUm beijinho,.
Ailime
Encantador momento de ternura(s) numa prosa de arrancar assobios :)
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