quarta-feira, 19 de julho de 2017

À PERGUNTA DE OUTROS MARES






Quando foi urgente criar um deus
as uvas ainda não estavam maduras
no corpo das videiras

inocente subiste ao púlpito
das vinhas decepadas

improvisaste um sermão
ergueste o cálice
e a companha exausta aprendeu
que nada é perfeitamente inútil

após as vindimas
bebemos do mesmo vinho

foi quando enfunaste as velas
começaste a despontar relâmpagos
nos mastros  mais altos

quando afloraste o chão com um beijo
partiste sem destino
por sobre as águas revoltas

à pergunta de outros mares

(vou ali e já volto)

eufrázio filipe

21 comentários:

  1. E a vida recomeça....
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Pergunto eu em que Mar estive que não vejo nem leme nem rastro?

    Soube que o poeta partiu. A esta hora pescará as metáforas mais frescas e brilhantes. "Nada é perfeitamente inútil".
    Abraço.

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  3. AGOSTINHO
    Nada é perfeitamente inútil
    nem o seu comentário
    Aceite o meu punho erguido por causas de sempre

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  4. Já tinha lido este, lindo, como os outros.
    Interessante o arcaísmo "à pergunta" em vez de "à procura".
    boas férias
    bj

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  5. Vais à procura de outros mares depois de nos deixares mais um excelente poema. Que encontres tudo o que procuras e que descanses também.
    Uma boa semana.
    Um beijo, meu Amigo.

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  6. e mesmo que não seja ainda setembro para a vindima
    algum vinho estará nos copos para aforar os lábios e sentir o sabor das uvas
    o Poeta é e será sempre um eterno pescador de metáforas

    (vou ali, mas volto)

    beijinhos

    :)

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  7. Hum, eu já li este belíssimo poema...
    Enquanto não chegas, que tudo se cumpra conforme a tua vontade.
    Bjinho, Filipe

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  8. Vira virou. Vai e volta mesmo que não estejam no cais os amigos esperam~te sempre.
    Abraço fraterno.

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  9. quando foi urgente deus criar o homem

    perguntou pelos poetas


    um abraço

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  10. Férias interrompidas por uns dias, eis-me de visita aos amigos.
    Belíssimo poema.
    Um abraço e boas férias

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  11. Como é hábito, um poema que nos obrigada pensar para decifrar as metáforas do poeta. As vindimas estão à porta, há que saborear as uvas enquanto é tempo, porque nada é perfeitamente inútil! Um abraço e que o mar esteja de feicao.

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  12. Fechei a mão e achei mil
    grãos de areia comigo
    nos caminhos que sigo

    Abraço.

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  13. Vai e volta amigo. Eu fico à espera de mais belos poemas.
    Lindo!

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  14. Há poemas que vala a pena repetir como um cálice de bom vinho.
    Boas férias!
    Beijinho.

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