segunda-feira, 5 de junho de 2017

NO PÚLPITO DAS CEREJEIRAS





Há um sulco invisível na água
onde viajo
e me transformo

talvez por isso
não faça sentido atear velas
queimar incensos

mexer nos ponteiros do relógio
inventar um barco e partir
folha ante-folha

talvez faça sentido
desbravar fronteiras
repartir afectos gorjeios e migalhas 

no púlpito das cerejeiras

Eufrázio Filipe
"Chão de marés" 2013/2016 Lua de Marfim editora


15 comentários:

  1. E sentir o Mundo, o desejo, o Tempo... na paixão...
    Gostei muito....
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Isso, Poeta. Repartir afectos é preciso.
    Gostei muito da imagem e do poema.
    Beijos.

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  3. No púlpito das cerejeiras fará sentido
    haver vermelhos frutos no sentido
    Mas quem saberá melhor que o Poeta?

    Abraço.

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  4. O amigo sabe a dificuldade que tenho em comentar poesia. Que não tem nada a ver com o que gosto de a ler. especialmente bons poema como os seus.
    Um abraço

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  5. que seja!
    no púlpito das cerejeiras
    e com a sua cor rubra
    fará todo o sentido
    repartir afectos e tudo o que o Poeta inventar

    gostei tanto!

    beijinhos

    :)

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  6. Fazer das cerejeiras as metáforas do teu (po)mar arável.
    Abraço fraterno

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  7. Gostei do conceito de repartir - do púlpito das cerejeiras - amor, ternura, ideias e o pouco que se possui...
    Que as cerejas sejam dulcíssimas...
    Beijos
    ~~~

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  8. Se escolher ficar, será no púlpito das cerejeiras que as palavras irão preencher esse sulco invisível. Uma cereja, uma palavra, outra cereja, outra palavra... prendem-se os afectos numa espécie de comunhão.

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  9. É fascinante este púlpito das cerejeiras.
    Beijinho.

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  10. Belissimo poema, tão belo e doce como as cerejas.
    Bom fim de semana
    Um abraço
    Maria de
    Divagar Sobre Tudo um Pouco

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  11. Uma delícia este poema, de sabor e de saber.
    "Talvez faça sentido
    desbravar" o afeto das palavras.
    Bjinho, Filipe 😊

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