Há noites tão pardas
que nem parecem noites
Se as noites sonhadas
fossem mares escancarados
poderíamos em carne viva
respirar uma flor
estremecida
no pestanejar dos olhos
assim
viajantes apócrifos
mais leves que o voo
nesta feira de pássaros
sem pátria nem rosto
como poderemos ver mais longe?
hastear um beijo
no outro lado do cais
ser de novo crianças
e fazer das palavras
aviões de papel
Eufrázio Filipe
Chão de marés - Lua de marfim editora
Talvez, poeta
ResponderEliminaro teu maior mérito
é fazer-nos acreditar
que podemos ver mais longe
e que o cais tem um outro lado
e que podemos ser crianças de novo
e que as palavras voam e aterram
ResponderEliminarBelo poema!
Quanto eu gostava de fazer das palavras aviões de papel...
Abraço.
(Como sempre, a foto é de pasmar.)
Que bonito!! Amei
ResponderEliminarBeijos
O Poeta dá o mote
ResponderEliminarna condição pura de criança:
"fazer das palavras aviões de papel"
Há lá coisa mais bela que pôr
a mão na flor,
e sentir o estremecimento,
da inocência do papel.
Há lá coisa mais poética!
do que submergir falcões
de palavras bombas. No papel.
Há lá amor mais forte
do que preencher quilhas
de lábios molhados
de beijos vermelhos no papel.
Grande abraço Poeta.
Como era bom voltar a ser criança, fazer " aviões e barquinhos de papel, imaginando-os nos ares, nos mares , indo para lugares distantes e tantas vezes sonhados, mas já não somos e nem voltamos a ser ; podemos " respirar as flores" agora que as há, mas quanto às noite, quando elas se tornam " pardas" resta-nos chamar o sono que, parecendo ter medo da cor estranha da noite, se recusa a aparecer. Mas há sempre a esperança de um outro cais onde o céu comece a escurecer e a noite seja estrelada. Como sempre, belo! Um beijinho
ResponderEliminarEmilia
Podemos sempre ver mais longe e voar nesses aviões de papel que ainda estão nas memórias de criança...
ResponderEliminarLindo...
Beijos e abraços
Marta
Boa noite, caro Eufrásio Filipe. Acabei de ler o seu poema "Aviões de papel". Gostei muito do poema. Parabéns.
ResponderEliminarUm abraço.
Pois é!...
ResponderEliminarAviões a flutuar sob as velas rasgadas, verdadeiros apócrifos dos barcos que se quiseram dizer... e bem se esforçam as palavras para domar o cais voador!...
Os aviões são todos de papel e os barcos também, cheios de palavras navegantes e sobreviventes... ao papel reservado à sua condição de papel desempenhado!... Não entra a água nos barcos de papel e as palavras descrevem o barco num destino de sentido vertical e pesado!... É o papel que se afunda e, repetidamente, as palavras sobrevivem... como ratos da próxima estória!:::
"E a fartura de cerejas pode significar um muito mau sinal para o cu dos melros !.... A semente já não é o que era... nem os melros ;)"
Tentei responder ao poema
A
ResponderEliminarTem quase toda a razão
As sementes são transgénicos e os melros anónimos
Há momentos em que o sonho de nós se ausenta porque dele somos indignos.
ResponderEliminar"De novo criança" - e tudo (re)toma sentido.
Sempre admirável o caminho que percorresse pelas palavras.
Fantástica esta imagem!
Bjinho, Filipe
Venho sempre verificar os comentários feitos a partir do tm. Por vezes, saem lapsos.
EliminarCorrijo: percorres em vez de percorresse
Temos de ver o invisível
ResponderEliminarNeste mundo de pernas para o ar!...
ResponderEliminarUm dia haveremos de recuperar a luminosidade das noites que nos permitirá ver um novo dia.
ResponderEliminarUm abraço fraterno
"ser de novo crianças
ResponderEliminare fazer das palavras
aviões de papel"
Muito belo!
Uma boa semana, meu Amigo.
Um beijo.
Há olhares a hastear beijos do outro lado do cais.
ResponderEliminarMagnífico, Filipe!
Beijinho
E é uma doce melodia...
ResponderEliminarbeijinho