quinta-feira, 30 de março de 2017

À PERGUNTA DE OUTROS MARES




Quando foi urgente criar um deus
as uvas ainda não estavam maduras
no corpo das videiras

inocente subiste ao púlpito
das vinhas decepadas

improvisaste um sermão
ergueste o cálice
e a companha exausta aprendeu
que nada é perfeitamente inútil

após as vindimas
bebemos do mesmo vinho

foi quando enfunaste as velas
começaste a despontar relâmpagos
nos mastros mais altos

 afloraste o chão com um beijo
partiste sem destino
por sobre as águas revoltas

à pergunta de outros mares


Eufrázio Filipe
"Chão de Claridades" editora Lua de Marfim

18 comentários:

  1. Boa noite.Eufrázio Filipe.
    Gostei do seu poema, À pergunta de outros mares. Parabéns.
    Um abraço. Pedro.

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  2. Poeta,
    quando a pergunta
    significa procura
    há que ir


    como em outras alturas
    soubemos ir

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  3. As vinhas da desilusão...
    e de outro chão, o apelo.
    Mto. bom o poema
    Abraço

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  4. Em busca de outras vivências, em busca de coisas por descobrir
    para o enriquecimento de quem não se contenta com pouco. Mente aberta
    e coração ao alto.

    Abraço

    Olinda

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  5. A memória subiu ao palco, mas desceu para subir mais alto.

    Um poema a abrir caminhos.

    Beijinho, Filipe.

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  6. Tenho dificuldade em comentar poesia. Mas não tenho dificuldade em gostar de boa poesia. E gosto do seu poema.
    Um abraço

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  7. A dúvida nos leva a outros mares.

    Seu poema é lindo!

    Bjs

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  8. Tu o disseste:
    - "Nada é perfeitamente inútil"!
    E, se inútil a inútil se juntarem todos os inúteis num perfeito completo feito, num mar de palavras escritas e lavradas e semeadas de belo..., isso não é o céu?
    Abraço.

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  9. Como será partir "à pergunta de outros mares"?
    Belo poema. Foto perfeita.
    Abraço.

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  10. Provar o vinho. Partilhar a cumplicidade da procura de outros mares...
    Excelente, meu Amigo.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  11. A eterna necessidade da procura, de enfunar as velas e partir em busca de outros mares.
    Belo e profundo o teu poema.
    Abraço.

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  12. Os céus as florestas os ''Mares'
    Infinitos Silenciosas Desconhecidos
    e sempre 'as perguntas..."
    abraço Eufrázio

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  13. Brindemos ao deus do poeta.
    Nele, as palavras procuram-se e encontram-se, questionam e respondem.
    Um poema com a tua marca inconfundível.
    Bjo, amigo

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