sexta-feira, 24 de março de 2017

SEM CONTORNOS NEM ARESTAS





Nas paredes da casa
onde me deito
nos teus retratos
brotam pedras
em carne viva
sem contornos nem arestas
que se transformam em pão

por elas me ergo
contra todos os destinos
mesmo que ininteligíveis
chovam em flor os teus olhos

Nas paredes da casa
tudo é possível
menos a profanação das metáforas

Eufrázio Filipe

25 comentários:

  1. Profanar metáforas é sacrilégio, para além de que, nas paredes da casa, muitas vezes são guardados os mais belos tesouros da alma...

    Bom fim de semana Poeta!

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  2. A profanação é pecado capital. Mas
    se a massa que se amassa
    na penitência de vértices e arestas
    o pão arredonda-se
    para lá do contorno torna-se
    gesto habitual de habitar
    Dai-nos Poeta desse pão.

    É isto que nos alimenta, caro Eufrásio.

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  3. Muito bela e intimista, como sempre, a tua poesia!
    Um prazer ler-te. Uma saudade que me deu hoje!
    Beijos.

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  4. o pão que dá a força para lutar contra os destinos. belo

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  5. Nas paredes da casa confessamos pecados, anseios, paixões...
    São testemunhas silenciosas do caos do nosso Mundo...
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  6. Do espírito metafísico que hoje me assola, aceito que até as paredes têm uma linguagem...

    Abraço

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  7. Nas outras casas
    onde se deitam

    vão se acordando
    vagarosamente
    lentamente
    na compreensão
    do teu poema

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  8. Como se todos os silêncios fossem proibidos...
    Muito belo, meu Amigo!
    Um bom fim de semana.
    Um beijo.

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  9. Eu profano as metáforas e me culpo por isso...
    Poema belíssimo.

    Beijinho.

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  10. Admiremos pois a beleza das metáforas, porque depois das entendermos, não mais será possível profaná-las.
    Abraço fraterno Poeta

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  11. Estive a lê-lo duas vezes para o tentar apreender/sentir melhor.
    Gostei.
    um beijinho e um bom Domingo
    Gábi

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  12. Olá.


    Gostei muito, embora me faltem palavras que possam impregnar estas paredes.
    Então deixo-as em branco, pintadas de palidez e finjo não vê-las.

    Abraços,
    Vitalina.

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  13. o pão e a casa,


    metáfora de um vida feliz


    um abraço

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  14. «Ó subalimentados de sonho! A poesia é para comer!»
    Achei este pão e o teu poema deliciosos.
    Beijos.
    ~~~

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  15. Verdade, poeta: "tudo é possível, menos a profanação da metáforas". Gosto muito da tua poesia. Muito mesmo. Abraços.

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  16. Boa tarde Poeta,
    O pão ainda tão necessário...
    Um poema muito belo.
    Beijinhos,
    Ailime

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  17. São os olhos das casas que nos transformam e transtornam. Por vezes, limam-se arestas... outras vezes, as esquinas, os sotãos... e o pão seco do tempo.
    Abç

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  18. Talvez, ali haja o reflexo mais profundo do coração.
    Lindíssimo, parabéns!

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  19. Retratos vivos, esses das pedras, que alimentam e levam o poeta a levedar as palavras transformando-as em pão, operando o milagre do alimento do espírito de quem as saboreia. Como eu!
    Bj

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