segunda-feira, 10 de outubro de 2016

UM FÓSFORO CONTRA O VENTO





Quando abri a janela
a deshoras
o mar uivava
cão lindo
no ciclo das marés

organizava sussurros
para dar sentido
a um sopro de vento

A noite estava escura
tão escura
que nem parecia noite

Foi preciso acender um fósforo
contra o vento
libertar
num traço a cores
o contorno das sombras


Eufrázio Filipe

13 comentários:

  1. Ouço o mar inclemente. Ouço o vento. E vejo o incêndio do teu rosto...
    Tão belo, meu amigo.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  2. Se abrir a minha janela a " deshoras" não vejo o mar, nem ouço os seus " sussuros" transformados tantas vezes em uivos ferozes, como se estivesse zangado com a noite tão escura que " nem parece noite"; a lonjura não permite que admire a beleza dessas águas imensas e profundas, àguas que também sabem ser medonhas perante as ofensas que recebem , na claridade dos dias, no negrume das noites. Mas... posso sempre abrir a janela e acender " um fósforo" que me ajude a vislumbrar o mar longinquo; mesmo que se apague o fósforo, o "traço" azul de mar já foi gravado e na minha mente ficará pelo tempo que eu quiser; pode esbater-se, pode desaparecer com o nascer do dia, mas há mais noites...há mais fósforos; a janela continua lá e o mar também. E eu ? Não sei.... se estiver, amigo, abrirei a janela, mesmo a " deshoras"
    Ljndo, como sempre! Parabéns e obrigada
    Emilia

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  3. Ouve-se a fúria do Mar, o desespero do Vento....
    Mas liberta-se o tempo, as memórias, a paixão... o desejo...
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Tenho-te perdido
    e o que eu perco com isso
    Poeta


    (confesso-me penalizado por minhas ausências...)

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  5. ACHEI LINDO!
    AS TUAS METÁFORAS QUE SE ENTRELAÇAM E VOLTAM COMO SUSSURROS DO VENTO.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  6. O abrir de uma janela nem sempre deixa libertar tudo o que sentimos e nos oprime. É preciso acender algo que ilumine os contornos sombrios.
    Belíssimo poema.
    A tela de René Magritte completa e ilustra esse traço a cores, da sua esplêndida veia poética; Caro Poeta das escarpas e dos sussurros.

    Beijinho.

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  7. Há momentos assim, desorganizados entre pedaços de um quadro que não se repete... quase perfeito, mas tão perfeito que há um fragmento que não se encaixa!...
    E tudo muda na próxima vez!...


    Abraço

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  8. Ateiam-se incêndios com um sopro face ao mar.
    Muito bonito, Poeta.
    Eu, quase à tona, aprendo a respirar.
    Abraço.

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  9. E colheste versos plenos de luz, caro amigo.
    Até a noite os saboreou.
    Beijinho.

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