segunda-feira, 4 de julho de 2016

A PROFANAÇÃO DAS METÁFORAS





Partiram como se as mãos
apenas servissem para dar
de beber às fontes

partiram para a água seguir
os seus passos
sábios e mudos

asas presas nas sombras
barcos descontentes prometidos
música funda tão limpa de areias

partiram de perfil
quase submersas
de poentes e salivas

Subiram todos os degraus do cais
despiram-se na biblioteca
para ler
a profanação das metáforas
e o mar crescer
nos mastros mais altos


Eufrázio Filipe

20 comentários:

  1. o poema é a porta por onde passam todas as metáforas...
    Um beijo.

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  2. Belo poema.
    A imagem é de igual forma magnifica e impactante, calça que nem uma luva, as suas palavras.
    Fica um beijo.

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  3. é verdade, Poeta - até as metáforas perdem a inocência!

    e a biblioteca o lugar certo para a sua profanação (das metáforas)! ou para a sua reinvenção: depende do livro que escolheres!

    mas que sou eu? "caças" tu mais metáforas numa página que este teu amigo num livro completo.

    excelente, está em forma.

    abraço

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  4. Partir, desvendar o horizonte e depois regressar....
    Mesmo que não se tenha descoberto tudo...
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  5. MAR ARÁVEL, mar, que em recorrentes sonhos consigo palmilhar, sim, pois sempre imaginei que poderia caminhar pela água, eis-me numa braçada longa, nadar até ao teu cantinho.

    Retribuo a visita ou consideremo-nos sempre visitados...

    Tenho passado pouco, pois a vida mudou e o cansaço apodera-se de mim para outras "tarefas".

    Abracinho.

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  6. Muito bom, poeta!
    Pelo que se vê,
    há metáforas que se insinuam
    no poema.
    E cavalgam lombadas
    à espera que um dedo
    no dorso e no verso
    as percorra lambido.

    Abraço.

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  7. ~ ~ ~
    Muito belos e refrescantes
    são os teus poemas, Mar.
    Não quero profanar as tuas metáforas...
    ~~~ Beijo ~~~

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  8. Sabes poeta?,
    quem parte assim
    fica sempre
    dentro da gente

    que cresça o mar

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  9. PALAVRAS, METÁFORAS, POESIAS, SÃO DESNUDADAS NAS BIBLIOTECAS ONDE ESPERAM PARA SEREM ENFIM, PROFANADAS.

    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  10. Acho que não partiram, regressaram ao seu destino. Belo!

    Um beijinho

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  11. Não gosto de partidas, deixam-me sempre com o coração desolado, mas adorei o seu poema.
    Um abraço
    Maria

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  12. Belo poema de partida, que é também de chegada. :)

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  13. Só consigo deixar espanto e partir como se não tivesse entrado neste mar de metáfora...
    Bjo, Filipe :)

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  14. Tudo o que é profanável é profanado... nada escapa e muito menos as metáforas...
    Caro Eufrázio, tem um bom fim de semana.
    Abraço.

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  15. Olá Poeta,
    O poema é de tal forma lindo (e difícil), que desta vez fiquei submersa nas metáforas!
    Beijinhos,
    Ailime

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  16. partiram e
    voltaram mais sábios
    mesmo que as metáforas
    fossem (ou não) profanadas.

    gostei!

    boa semana.

    beijo

    :)

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  17. Se o mar cresceu nos mastros mais altos, foi legítimo que profanassem as metáforas...
    Um poema muito belo e muito bem ilustrado, meu amigo.
    Um beijo.

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