A remar águas e ventos
numa orgia de rotas
e salivas sem destino à vista
encontrei na margem
uma pedra
com vida por dentro
exilada no espelho do rio
a amanhecer
no ressoar das marés
juntei-me ao seu corpo
convergi na paisagem
subscrevi-lhe as pausas
os improvisos
e ali mesmo descontruímos
a recusa dos impossíveis
aprendemos que nada
é completamente inútil
muito menos a magia do tempo
que transportamos
portas abertas
janelas escancaradas
por onde inevitável
circula o pó
e tudo se move
até os velhos pássaros refulgentes
que libertámos dos lábios
em pleno voo (e)ternos
num barco de remar
Eufrázio Filipe
"CHÃO DE CLARIDADES"
16 comentários:
...e tudo se move
Assim se celebram heroicidades
nas páginas imaculadas
do poema - amor
Com remos sem rima
sem simetria de gestos
desde o cabelo até à unha
encarnada do hallux
Tudo é poema
Parabéns, Poeta.
Se pensarmos que não conseguimos, ficamos parados no tempo e o tempo escapa-se...
Improvisa-se, recomeça-se, mas isso é viver...
Livremente....
Lindo..
Beijos e abraços
Marta
"nada é completamente inútil
muito menos a magia do tempo"
Que o digam esses pássaros libertos dos lábios que reinventam o voo e amam as marés como só os barcos sabem...
Um beijo, meu Amigo.
Gostei do poema e da imagem escolhida.
Bj.:))
E a vida sempre nos oferece portas e janelas
há de se ver além...
~ ~ ~
Muito belo Poeta, muito belo!
Beijo.
~~~
~
Como amar uma pedra no leito do rio.
Abraço fraterno Poeta
Tudo se move e sempre moverá!
Beijo amigo
Nada é inútil na liberdade de amar.
Muito belo o poema.
Bjs
Ailime
em "chão de claridades"...
uma pedra com vida dentro - assim os Poetas
abraço
tudo se move...até os remos do barco
muito belo, muito belo.
bom fim de semana.
:)
Muito bonito
Viver é sempre construção :)
bom fim de semana
Se não há impossíveis e as pedras têm vida poderemos então, com toda a propriedade, soltar pássaros dos lábios e fazê-los voar num canto à liberdade.
Um "Chão de Claridades" que nos ilumina o caminho.
Obrigada, Eufrázio Felipe.
Abraço
Olinda
eu diria, nesse barco de voar
Em tudo há um pulsar.
Captá-lo poeticamente e deste modo, só os eleitos!
Bjo, Filipe :)
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