Olho-te como se fosse a primeira vez
na verdade a água
corpo líquido de mulher
tem segredos escondidos no fundo das pedras
alimentos de fogo
talvez uma praia onde se fundem
areias e lábios
um piano de luzes
que determina o tempo das estações
Ainda bem que tens ilhas selvagens
sinais apócrifos que se desnudam
em gestos simples
no pestanejar de uma vírgula
Na verdade a água sabe rir e chorar
no espelho das próprias lágrimas
no rumor das maresias
e eu descobri uma vez mais
que tens poros por onde respiras
silêncios escarpas por onde escorrem salivas
que te ergues e desmoronas
abrigo e mensageira
te desprendes do chão
ou hibernas nos corais
Que bom ainda hoje
partilhar contigo este despertar
aprender pela vida fora a descobrir-te
como se fosse a primeira vez
deixar por um instante
a outra água
para os peixes se moverem
Eufrázio Filipe
"CHÃO DE CLARIDADES"
24 comentários:
AMANHÃ, SERÁ OUTRA VEZ
O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA TUA VIDA
(e os peixes se moverão!, meu irmão)
~~~
«como se fosse a primeira vez»...
~ ~ ~ B e l í s s i m o ! ~ ~ ~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~~~~ Abraço, Poeta. ~~~~
Tem razão, Caro Poeta, em conceder às vírgulas um lugar de destaque, elas tão misteriosas, tão necessárias por vezes, e outras vezes demolidoras. Por elas e com elas se desmoronam mundos, se constroem ou se desfazem muros.
Abraço
Olinda
Cabe tanta beleza no pestanejar de uma vírgula...
Excelente, poema!
Mulher é água e terra, é luz e sombra,
e é brilhante, muito brilhante quando se sente amada.
xx
Ui!! Lindo de mais! Que de metáforas transparentes, imagens luminosas. Muito lindo! (Vou copiar...)
Maravilha(da)!
Tão belo...
Beijo
Este é um dos poemas mais belo descrevendo
a mulher (a musa), a beleza sublime,lírica
das metáforas são encantadoras...
"Um piano de luzes
que determina o
tempo das estações"
Bravo,Poeta!!
Bjs.
E, como diria Jorge Sousa Braga, "só tu sabes sorrir na vertical",
Abracinho
Há poemas sublimes com água.
É nessa água que as mãos se fazem
que os dedos ensaiam arpejos
nas algas vermelhas da madrugada
Por nada sinfonias em beijos
Quando o amor reine no coração, olhamos sempre como se fosse a primeira vez.
Belíssimo poema.
Um abraço
Maria
Sempre haverá uma nascente que nos refresque.
abraço
e na escarpa
como se fosse a primeira vez
olhando do alto
o fundo das águas
onde os peixes se movem
ante os olhos do Poeta
beijo
:)
É um belo despertar, este, entre escarpas e corais.
Bj.
Lídia
O amor eternizado no que de mais sublime tem.
"...como se fosse a primeira vez"!
Beijinhos,
Ailime
poema de "separação de águas" (uma vírgula que seja) - que a vida e feita de escolhas e eternos retornos.
gosto muito desse "piano de luzes" a marcar o tempo das estações.
abraço fraterno, meu caro Poeta.
Tão lindo esse despertar.
Beijo.
Tanto a dizer no pestanejar de uma virgula... Que transborda magia para além das águas. Uma declaração que de tudo resume assim:
"Que bom ainda hoje
partilhar contigo este despertar
aprender pela vida fora a descobrir-te
como se fosse a primeira vez"
De uma beleza ímpar!
Um beijo de boa noite da
Helena
A revelação da vida é sempre um banho de luz!
Olhar como se fosse a primeira vez. É o teu segredo, Poeta?
Um beijo.
Gostei muito.
Parabéns.
Bj. :))
Belas são as vírgulas, poeta, quando com elas vislumbras o início.
Beijo
"Que bom ainda hoje
partilhar contigo este despertar
aprender pela vida fora a descobrir-te
como se fosse a primeira vez"
Amor na sua forma mais elevada: o permanente deslumbramento da descoberta.
Belo no conteúdo. Criativo na arte.
Bjo, Filipe :)
Um poema mágico. Tão mágico que nem sei o que dizer...
Enviar um comentário