Olho-te como se fosse a primeira vez
na verdade a água
corpo líquido de mulher
tem segredos escondidos no fundo das pedras
alimentos de fogo
talvez uma praia onde se fundem
areias e lábios
um piano de luzes
que determina o tempo das estações
Ainda bem que tens ilhas selvagens
sinais apócrifos que se desnudam
em gestos simples
no pestanejar de uma vírgula
Na verdade a água sabe rir e chorar
no espelho das próprias lágrimas
no rumor das maresias
e eu descobri uma vez mais
que tens poros por onde respiras
silêncios escarpas por onde escorrem salivas
que te ergues e desmoronas
abrigo e mensageira
te desprendes do chão
ou hibernas nos corais
Que bom ainda hoje
partilhar contigo este despertar
aprender pela vida fora a descobrir-te
como se fosse a primeira vez
deixar por um instante
a outra água
para os peixes se moverem
Eufrázio Filipe
"CHÃO DE CLARIDADES"
AMANHÃ, SERÁ OUTRA VEZ
ResponderEliminarO PRIMEIRO DIA DO RESTO DA TUA VIDA
(e os peixes se moverão!, meu irmão)
~~~
ResponderEliminar«como se fosse a primeira vez»...
~ ~ ~ B e l í s s i m o ! ~ ~ ~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~~~~ Abraço, Poeta. ~~~~
ResponderEliminarTem razão, Caro Poeta, em conceder às vírgulas um lugar de destaque, elas tão misteriosas, tão necessárias por vezes, e outras vezes demolidoras. Por elas e com elas se desmoronam mundos, se constroem ou se desfazem muros.
Abraço
Olinda
Cabe tanta beleza no pestanejar de uma vírgula...
ResponderEliminarExcelente, poema!
ResponderEliminarMulher é água e terra, é luz e sombra,
e é brilhante, muito brilhante quando se sente amada.
xx
Ui!! Lindo de mais! Que de metáforas transparentes, imagens luminosas. Muito lindo! (Vou copiar...)
ResponderEliminarMaravilha(da)!
ResponderEliminarTão belo...
Beijo
Este é um dos poemas mais belo descrevendo
ResponderEliminara mulher (a musa), a beleza sublime,lírica
das metáforas são encantadoras...
"Um piano de luzes
que determina o
tempo das estações"
Bravo,Poeta!!
Bjs.
E, como diria Jorge Sousa Braga, "só tu sabes sorrir na vertical",
ResponderEliminarAbracinho
Há poemas sublimes com água.
ResponderEliminarÉ nessa água que as mãos se fazem
que os dedos ensaiam arpejos
nas algas vermelhas da madrugada
Por nada sinfonias em beijos
Quando o amor reine no coração, olhamos sempre como se fosse a primeira vez.
ResponderEliminarBelíssimo poema.
Um abraço
Maria
Sempre haverá uma nascente que nos refresque.
ResponderEliminarabraço
e na escarpa
ResponderEliminarcomo se fosse a primeira vez
olhando do alto
o fundo das águas
onde os peixes se movem
ante os olhos do Poeta
beijo
:)
ResponderEliminarÉ um belo despertar, este, entre escarpas e corais.
Bj.
Lídia
O amor eternizado no que de mais sublime tem.
ResponderEliminar"...como se fosse a primeira vez"!
Beijinhos,
Ailime
poema de "separação de águas" (uma vírgula que seja) - que a vida e feita de escolhas e eternos retornos.
ResponderEliminargosto muito desse "piano de luzes" a marcar o tempo das estações.
abraço fraterno, meu caro Poeta.
Tão lindo esse despertar.
ResponderEliminarBeijo.
Tanto a dizer no pestanejar de uma virgula... Que transborda magia para além das águas. Uma declaração que de tudo resume assim:
ResponderEliminar"Que bom ainda hoje
partilhar contigo este despertar
aprender pela vida fora a descobrir-te
como se fosse a primeira vez"
De uma beleza ímpar!
Um beijo de boa noite da
Helena
A revelação da vida é sempre um banho de luz!
ResponderEliminarOlhar como se fosse a primeira vez. É o teu segredo, Poeta?
ResponderEliminarUm beijo.
Gostei muito.
ResponderEliminarParabéns.
Bj. :))
Belas são as vírgulas, poeta, quando com elas vislumbras o início.
ResponderEliminarBeijo
"Que bom ainda hoje
ResponderEliminarpartilhar contigo este despertar
aprender pela vida fora a descobrir-te
como se fosse a primeira vez"
Amor na sua forma mais elevada: o permanente deslumbramento da descoberta.
Belo no conteúdo. Criativo na arte.
Bjo, Filipe :)
Um poema mágico. Tão mágico que nem sei o que dizer...
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